Tag: Saúde

  • Boa Postura Para a Saúde: Por que Cuidar da Postura no Dia a Dia?

    Boa Postura Para a Saúde: Por que Cuidar da Postura no Dia a Dia?

    Por que a Postura é tão importante para a Saúde?

    A postura, frequentemente subestimada, desempenha um papel crucial na nossa saúde e bem-estar geral.


    Manter uma boa postura não se resume apenas a uma questão de elegância; é um investimento na saúde da coluna, dos músculos e das articulações.


    Portanto, este artigo aborda a importância da postura no cotidiano, os benefícios de mantê-la adequada e as consequências de sua negligência.


    Por que o Alinhamento Postural é Essencial para a Saúde

    O que é boa postura?

    A boa postura é o alinhamento correto dos segmentos do corpo contra a força da gravidade, seja em pé ou sentado.


    Isso envolve manter a coluna vertebral alinhada, preservando suas curvaturas naturais e evitando a sobrecarga de músculos e articulações.

    Imagem da coluna vertebral mostrando suas curvas fisiológicas em uma vista de perfil e de frente. Curvas importantes para uma boa postura


    Manter uma boa postura é um estado dinâmico que exige consciência e atenção ao longo do dia. Por isso, a postura é essencial para a saúde da coluna.


    Isso significa que preciso estar vigilante 24horas? Não, mas é preciso estar atento principalmente ao permanecer longos períodos sentados ou ao fazer esforços.

    Boa postura não é estar reto

    Uma postura saudável envolve manter as curvas naturais da coluna vertebral.


    A coluna tem três curvas naturais: a cervical (pescoço), a torácica (meio das costas) e a lombar (parte inferior das costas).


    Manter essas curvas em alinhamento ajuda a distribuir o peso do corpo de maneira equilibrada, reduzindo a tensão nos músculos e ligamentos.


    No entanto, ficar completamente reto causa rigidez e desconforto, enquanto uma postura que respeita as curvas naturais promove melhor mobilidade e conforto.


    Assim, a chave para uma boa postura é encontrar um equilíbrio que mantenha a coluna alinhada, mas não excessivamente rígida.

    Atitude postural

    A atitude postural está relacionada a como você projeta sua postura para o mundo. Ela reflete como você se sente e encara o mundo ao seu redor.


    Por exemplo, já viu como os super-heróis se posicionam diante dos vilões, imponentes como verdadeiras fortalezas quase intocáveis?

    Imagem de uma home como uma boa postura mostrando a importância da atitude postural.


    A atitude postural deles é extremamente poderosa e comunica ao mundo a força que aparentam.

    O oposto é a atitude de uma pessoa retraída, excessivamente tímida. Essa pessoa curva sua postura, se fecha como se estivesse se protegendo, se esconde, evita contato visual.


    Essa atitude muitas vezes reflete o estado emocional em que a pessoa se encontra.


    Outras atitudes posturais incluem posturas desleixadas, que demonstram falta de interesse ou preguiça.


    Modificar uma atitude postural não é uma tarefa fácil, e outros profissionais, como psicólogos, podem ajudar nesse processo.

    Alterações posturais

    Alterações posturais são em sua maioria de natureza patológica. Às vezes, a pessoa nasce com uma perna mais curta que a outra ou tem uma alteração na coluna, como escoliose, ou um pé torto congênito que dificulta a maneira de como ela se locomove ou se posiciona.


    Nesses casos, a postura adotada independe da vontade da pessoa; é uma questão anatômica.


    Quanto antes for detectada e tratada essa alteração postural mais favorável é o prognóstico para o paciente.


    Vantagens de Manter o Corpo Bem Alinhado

    A importância de manter uma boa postura está nos inúmeros benefícios que ela proporciona.

    Imagem mostrando a diferença entre uma má postura vs Boa postura


    Além disso, adotar uma postura adequada oferece várias vantagens, como evitar dores nas costas, especialmente na região lombar, e reduzir a tensão muscular.


    Do mesmo modo, uma boa postura contribui para a eficiência respiratória, melhora a circulação sanguínea e facilita a digestão.


    Uma boa postura também aumenta a autoconfiança e melhora a percepção de bem-estar e te deixa mais elegante.


    Consequências de uma Postura Incorreta

    A má postura pode causar uma série de problemas de saúde. Especificamente, ela pode resultar em dores crônicas nas costas, pescoço e ombros, além de aumentar o risco de desenvolver problemas articulares e hérnias de disco.


    Além disso, a má postura pode causar dificuldades respiratórias, fadiga muscular e até mesmo compressão de nervos.


    Para evitar esses problemas, é crucial desenvolver uma disciplina postural e manter cuidados constantes, buscando orientação profissional quando necessário.


    Postura Corporal e Saúde da Coluna

    Como a postura afeta a coluna vertebral?

    A postura corporal tem um impacto direto na saúde da coluna vertebral. Uma má postura pode desalinhá-la, aumentando a pressão sobre discos e articulações.

    Imagem mostrando uma mulher escrevendo no computador com postura incorreta, prejudicando uma boa postura


    Manter uma postura inadequada constantemente pode resultar em dores crônicas, inflamações e até lesões graves, como hérnias de disco.


    Consequentemente a importância de uma boa postura está na sua capacidade de distribuir uniformemente as cargas sobre a coluna, minimizando o risco de sobrecarregar estruturas específicas.


    Assim, para evitar esses problemas, é essencial melhorar a postura e fortalecer os músculos posturais.

    Postura correta no dia a dia

    Adotar uma postura correta no dia a dia é fundamental para manter a saúde da coluna. Veja algumas dicas:

    Ao sentar-se

    Mantenha os pés apoiados no chão ou em um apoio, costas retas e apoiadas no encosto da cadeira.


    Preferencialmente use cadeiras com apoio lombar e que te permitam gerenciar o estresse causado pela posição sentada. Cadeiras com regulagem de inclinação são perfeitas.


    No ambiente de trabalho, ajuste a altura da sua mesa e cadeira para evitar curvar-se ou esticar-se excessivamente.

    Levantar objetos pesados de forma inadequada pode causar sérios danos à coluna. Para evitar lesões, é importante seguir algumas orientações.


    Primeiro, posicione-se o mais próximo possível do objeto, com os pés afastados na largura dos ombros para garantir estabilidade.
    Dobre os joelhos e mantenha a coluna reta, utilizando a força dos quadris e das pernas para levantar o objeto.


    Evite torcer o corpo enquanto levanta e mantenha o objeto próximo ao corpo. Se o objeto for muito pesado, não hesite em pedir ajuda.

    Ficar em pé

    Imagine que você organiza os ossos do seu corpo o mais perfeito possível como se fosse uma pilha de tijolos.


    Se você tentar fazer isso, perceba o tamanho do esforço que é manter essa posição. E respirar? Agora imagine caminhar assim? Horrível, não?


    Com certeza, essa é a maneira que a maioria das pessoas fazem quando tentam arrumar sua postura.


    Há esforço constante e você não conseguirá mantê-la por 2 minutos, sem que apareça alguma dor.

    Como organizar minha postura?

    Imagem mostrando uma mulher organizando uma boa postura

    Organize novamente sua postura como descrito anteriormente, porém agora imagine um único fio de cabelo puxando sua cabeça para o alto, solte seus ombros e imagine que suas clavículas querem sorrir.


    Vá tirando cada vez mais o excesso de esforço da posição. Seus ombros ficam em cima dos seus quadris.
    Esses em cima dos joelhos e dos tornozelos. As articulações não estão presas, mas maleáveis.


    Perceba a rigidez do esforço inicial e vá tirando o excesso de tensão, até que você consiga harmonizar o alinhamento corporal com o conforto de estar alinhado.

    Se você está com a postura bem organizada, mas a respiração está pesada e você começa a ficar ofegante, ela está muito artificial.

    É preciso tirar ainda mais o excesso de tensão muscular provocado pela correção postural.


    Não é uma tarefa fácil e é preciso de treino para alcançar uma postura elegante, econômica e confortável.

    Caminhando

    As pressões dos pés são iguais e distribuídas e quando você for caminhar os pés conduzem o corpo um passo de cada vez.


    Todo e qualquer passo é feito com suavidade como se você quisesse acariciar o solo e não o amassá-lo.


    Imagine que há alguém atrás de você e você quer mostrar a sola do seu calçado pra ela.


    Avance um passo de cada vez e sinta seu corpo ser conduzido pelos seus pés. Sua cintura está relaxada, seus braços balançam livremente.


    Seu olhar está no horizonte e observa tanto o alto, quanto o baixo e também a sua frente.


    Isso fara você caminhar mais harmonizado, mas digo, é preciso treinar.


    Práticas para Garantir a Saúde da Sua Coluna

    Existem diversas práticas que podem auxiliar na manutenção de uma boa postura e garantir a saúde da coluna.


    A reeducação postural global (RPG Souchard) entre outras técnicas posturais é eficaz para organizar a postura e reequilibrar os músculos posturais.


    Praticar exercícios físicos regularmente, como Pilates e Yoga, pode melhorar a flexibilidade, o equilíbrio e a consciência corporal.


    Ao dormir, utilize um travesseiro adequado para manter a coluna alinhada e evitar tensões musculares.


    Aliás, colocar um travesseiro entre as pernas, melhora o alinhamento da coluna e da mais conforto ao permanecer deitado.


    A Importância do Trabalho de Força

    O trabalho de força é essencial para manter uma boa postura.

    Fortalecer os músculos, especialmente os do core (abdômen e região lombar), ajuda a sustentar a coluna e a manter o alinhamento correto do corpo.


    Por exemplo, exercícios como agachamentos, pranchas e levantamento terra são particularmente eficazes para desenvolver a força necessária para uma postura adequada.


    Além disso, músculos fortes reduzem a carga sobre as articulações e discos vertebrais, prevenindo dores e lesões.


    Ergonomia e a Saúde

    A ergonomia é essencial para promover a saúde postural tanto no ambiente de trabalho quanto em atividades diárias.


    Seu objetivo é adaptar o ambiente e as ferramentas de trabalho às características físicas de cada pessoa, minimizando o risco de lesões e desconfortos.


    Assim, investir em móveis e equipamentos ergonômicos, como cadeiras ajustáveis e teclados específicos, pode melhorar significativamente a postura e prevenir dores nas costas.


    Estratégias para Corrigir e Melhorar o Alinhamento Corporal

    Exercícios para fortalecer os músculos posturais

    Para corrigir a postura e fortalecer os músculos posturais, é possível incorporar diversos exercícios à rotina diária.


    Por exemplo, exercícios de fortalecimento do core, como prancha e abdominais, ajudam a estabilizar a coluna vertebral e melhorar o alinhamento.


    Já os exercícios para fortalecer os músculos das costas, como remada e latpull-down, auxiliam na manutenção de uma boa postura e na prevenção de dores.

    Uma mulher fazendo exercício em um aparelho de musculação para trabalhar a boa postura


    Por fim, a consistência na prática desses exercícios é fundamental para obter resultados.

    Alongamentos para a saúde da coluna

    Os alongamentos são essenciais para manter a flexibilidade da coluna vertebral e aliviar a tensão muscular.


    Dessa forma, alongamentos preferivelmente devem ser realizados levando em consideração as cadeias musculares envolvidas.


    Isso ajuda a melhorar a postura e reduzir o risco de dores. Além disso, alongar os músculos isquiotibiais e os flexores do quadril também contribui para um melhor alinhamento postural.


    Ao realizar os alongamentos, é importante manter a postura correta e evitar forçar os movimentos, sempre buscando a orientação de um profissional qualificado.

    Adotar hábitos saudáveis para uma boa postura

    Além de exercícios e alongamentos, é essencial adotar hábitos saudáveis para manter uma boa postura.


    Manter um peso adequado ajuda a reduzir a carga sobre a coluna vertebral e as articulações, facilitando a adoção de uma postura correta.


    Do mesmo modo, evitar o uso excessivo de saltos altos e carregar bolsas pesadas em um único ombro também contribui para prevenir, tensões musculares e desequilíbrios posturais.


    Maus hábitos posturais são como cigarro, a continuidade no longo prazo torna-os em problemas irreversíveis.


    Crianças: devo me preocupar com a postura?

    A menos que a causa do problema postural seja patológica, não há motivo para alarme.

    No entanto, é fato que as crianças de hoje não correm nem brincam como antigamente. Muitas têm uma rotina tão cheia quanto a de um adulto.


    Qual o problema?
    A falta de tempo para explorar o potencial do próprio corpo. É cada vez mais comum ver crianças que não sabem subir em árvores ou pular muros.

    O desenvolvimento motor acaba ficando em segundo plano, e a motricidade é frequentemente negligenciada.


    E quanto à postura?
    Uma coisa é certa: crianças têm uma postura naturalmente maravilhosa e uma incrível capacidade de imitar os adultos.

    Por isso, é essencial estar atento à sua própria postura quando estiver perto delas. Afinal, elas são verdadeiras especialistas em copiar o que veem.


    Existe postura perfeita?

    Depende. A postura de uma bailarina é perfeita para o balé — mas seria estranho vê-la caminhando pela rua como se estivesse em cena.


    Além disso, manter essa “bela” postura exige habilidade, treino e uma resistência física invejável. Ou seja, é uma postura esteticamente admirável, mas artificial.


    E o que isso nos ensina?
    Posturas artificiais não se sustentam no longo prazo. Uma coisa é certa: dores vão aparecer — seja por negligência postural ou por excesso de correção.

    O esforço exagerado cobra seu preço e, inevitavelmente, leva à mudança.


    A bailarina é um exemplo brilhante de que a postura corporal pode ser perfectível — ou seja, pode ser aprimorada continuamente.

    Uma linda bailarina com uma boa postura, fazendo uma apresentação de balé.

    Mas, como já mencionado, isso exige tempo e treinamento.
    Trabalhar a postura não é diferente.


    É uma busca constante pela melhor organização corporal, com o mínimo de esforço possível.

    Essa habilidade leva anos para ser adquirida e envolve a busca pelo “perfeito” — que, vale lembrar, é definido por cada pessoa.


    Então, seja constantemente perfectível. Evoluir é mais importante do que alcançar um ideal fixo.


    Conclusão

    Cuidar da postura vai muito além de uma questão estética: é um investimento direto na saúde da coluna, músculos e articulações, refletindo também no bem-estar físico e emocional.


    Uma boa postura melhora a respiração, previne dores, aumenta a autoconfiança e contribui para uma vida mais saudável e equilibrada.


    Por outro lado, negligenciar a postura pode gerar consequências sérias, como dores crônicas, lesões e limitações funcionais.


    Felizmente, é possível prevenir e corrigir problemas posturais por meio de hábitos saudáveis, prática regular de exercícios, fortalecimento muscular, alongamentos, cuidados ergonômicos e, quando necessário, acompanhamento profissional.


    Adotar pequenas mudanças no dia a dia, como se sentar corretamente, caminhar de forma leve, respeitar as curvaturas naturais da coluna e reduzir o excesso de esforço involuntário, faz toda a diferença a longo prazo.


    Portanto, dedique atenção à sua postura, pois ela é a base para manter seu corpo alinhado, funcional e saudável ao longo dos anos.

    Texto escrito por

    Douglas Santos

    Fisioterapeuta

  • Café e Hipertensão: Aliado ou Vilão para a Pressão Arterial?

    Café e Hipertensão: Aliado ou Vilão para a Pressão Arterial?

    Tempo de leitura: 5 minutos

    O consumo de café é uma prática diária para milhões de pessoas ao redor do mundo. Além de ser uma bebida culturalmente significativa, o café desperta debates na ciência por seus potenciais impactos na saúde. Um tema particularmente intrigante é a relação entre o consumo de café e hipertensão arterial.

    Neste artigo, exploramos os achados de uma meta-análise publicada na revista Nutrients em 2023, que investigou a conexão entre café e hipertensão em estudos observacionais. Vamos descobrir se o café é um aliado ou um vilão para quem busca cuidar da saúde cardiovascular.


    O que é a Hipertensão e Por que Preocupar-se com Ela?

    A hipertensão arterial, ou pressão alta, é um dos principais fatores de risco para doenças cardiovasculares, incluindo infarto e acidente vascular cerebral. Assim, dados da OMS revelam que mais de 1,2 bilhão de pessoas sofrem com hipertensão, sendo considerada uma condição de saúde global.

    Fatores como dieta rica em sal, obesidade, sedentarismo e consumo excessivo de álcool são conhecidos por aumentar o risco de hipertensão. No entanto, o impacto de alimentos e bebidas como o café ainda é controverso, e novos estudos continuam a lançar luz sobre esse tema.


    A Meta-Análise de 2023: Como foi Feita e o que Descobriu

    A meta-análise conduzida por Haghighatdoost e colaboradores revisou 25 estudos observacionais sobre o consumo de café e hipertensão. Em suma, esses estudos incluíram mais de 463.000 participantes de diferentes partes do mundo, abrangendo tanto estudos de coorte quanto estudos transversais.

    Metodologia da pesquisa

    Os pesquisadores usaram bases científicas como PubMed e Web of Science para buscar estudos publicados até 2023. Os critérios de inclusão foram rigorosos:

    • Estudos realizados em adultos (≥18 anos);
    • Avaliação do risco de hipertensão com base no consumo de café;
    • Dados claros sobre consumo de café e diagnóstico de hipertensão;
    • Estudos observacionais (coorte ou transversais).

    Resultados principais

    1. Estudos de coorte: O maior consumo de café foi associado a uma redução de 7% no risco de hipertensão.
    2. Estudos transversais: A relação foi ainda mais expressiva, com uma redução de 21% no risco entre consumidores regulares de café.

    Apesar desses achados promissores, os resultados variaram dependendo de fatores como:

    • Região geográfica: Nos Estados Unidos, o café teve um impacto mais protetor. Na Europa e Ásia, a associação foi menos clara.
    • Gênero: Mulheres pareciam obter mais benefícios do café do que homens.
    • Quantidade consumida: Três ou mais xícaras diárias mostraram maior potencial de proteção.

    Por que o Café Pode Reduzir o Risco de Hipertensão?

    Embora a cafeína seja conhecida por aumentar temporariamente a pressão arterial, o café contém outros compostos que podem ter efeitos benéficos. Entre eles, destacam-se:

    • Polifenóis e antioxidantes: Compostos como os ácidos clorogênicos ajudam a combater inflamações e melhoram a saúde vascular.
    • Nutrientes como potássio e magnésio: Podem auxiliar na regulação da pressão arterial.
    • Efeitos na insulina: O café pode melhorar a sensibilidade à insulina, reduzindo o risco de condições relacionadas, como hipertensão.

    Além disso, a tolerância à cafeína, que ocorre em consumidores habituais, pode reduzir seus efeitos hipertensivos.


    Fatores que Influenciam os Resultados

    A relação entre café e hipertensão não é uniforme pois, depende de várias condições, como:

    1. Diferenças genéticas

    Algumas pessoas metabolizam a cafeína mais rapidamente do que outras. Isso pode influenciar a resposta do corpo ao café.

    2. Tipo de café e método de preparo

    O café filtrado, por exemplo, contém menos substâncias lipídicas que podem aumentar o colesterol, em comparação ao café não filtrado. O impacto na pressão arterial pode variar com base nesses métodos.

    3. Estilo de vida

    Fatores como dieta geral, nível de atividade física e tabagismo também desempenham um papel importante na relação entre café e hipertensão.


    As Limitações do Estudo

    Embora robusto, o estudo reconhece algumas limitações:

    • Heterogeneidade entre estudos: Diferenças nos métodos de coleta de dados e no diagnóstico de hipertensão podem afetar os resultados.
    • Natureza observacional: Os estudos não provam causalidade, apenas associação.
    • Confusão por outros fatores: Variáveis como ingestão de sódio ou estilo de vida nem sempre foram controladas adequadamente.

    Apesar disso, a análise é um passo importante para compreender o impacto do café na saúde cardiovascular.


    Recomendações Práticas: Beber Café com Moderação

    Com base nas evidências disponíveis, o café pode ser parte de um estilo de vida saudável, mas a moderação é fundamental. Aqui estão algumas dicas:

    1. Consuma de forma regular, mas moderada: Até três xícaras por dia parecem oferecer benefícios sem riscos significativos.
    2. Observe sua resposta individual: Se você notar elevações na pressão arterial após consumir café, considere reduzir a quantidade ou optar por versões descafeinadas.
    3. Evite excessos: Consumir café em excesso pode causar efeitos adversos, como ansiedade e insônia.

    Finalizando

    A relação entre o consumo de café e a hipertensão é intrigante e multifacetada. Esta meta-análise de 2023 oferece evidências promissoras de que o café pode ter um papel protetor contra a pressão alta, especialmente em consumidores habituais.

    Embora os resultados sejam animadores, é importante considerar fatores individuais e manter um estilo de vida equilibrado. Ainda assim, consulte um profissional de saúde antes de fazer mudanças significativas na sua dieta.

    Gostou do artigo? Compartilhe suas opiniões nos comentários e continue acompanhando o blog para mais insights , principalmente, sobre saúde e bem-estar!

    Artigo escrito por:

    Dr.Douglas Santos

    Fisioterapeuta

    Referências Bibliográficas:

    Coffee Consumption and Risk of Hypertension in Adults: Systematic Review and Meta-Analysis

  • Comportamento Sedentário

    Comportamento Sedentário

    Tempo de leitura: 6 minutos

    Sedentarismo é um tema sempre muito discutido nas políticas de saúde, mas você já ouviu falar sobre comportamento sedentário? Nós abordamos esse assunto em um breve diálogo com uma de nossas pacientes, que nos procurou para sair desse tipo de comportamento.

    Amanda entrou na clínica com um sorriso nervoso, ajeitando a bolsa no ombro enquanto olhava ao redor. Era sua primeira consulta para uma avaliação de Pilates, e parecia um pouco apreensiva. O que é normal para quem vai iniciar uma aula experimental.

    — Seja bem-vinda, Amanda! Está pronta para nossa aula experimental de Pilates? — perguntei com entusiasmo.

    — Estou sim, Maite, mas confesso que me sinto um pouco insegura — respondeu Amanda, sorrindo timidamente. — Tenho passado tanto tempo sentada que até perdi o ritmo das atividades físicas.

    Sentei-me ao seu lado, com uma expressão compreensiva.

    — Eu entendo completamente. É normal sentir-se assim, mas saiba que sua preocupação já é um ótimo primeiro passo. Que tal começarmos falando um pouco sobre o sedentarismo?

    O Que é Sedentarismo?

    Amanda franziu o cenho, curiosa.

    — Sempre ouço dizer que estou “sedentária”, mas, sinceramente, o que isso significa exatamente?

    Respirei fundo, pronta para explicar, pois a conversa seria longa, o que eu adoro!

    — O sedentarismo é, basicamente, a falta de atividade física suficiente para manter a saúde. Para ser considerada ativa, uma pessoa deve realizar pelo menos 150 minutos de atividade leve a moderada por semana, o que equivale a uns 30 minutos de uma caminhada rápida, cinco vezes na semana. Quando não atingimos esse mínimo, podemos dizer que somos classificados como “sedentários”.

    — Então, só por não fazer exercícios regularmente, já posso ser considerada sedentária? — perguntou Amanda.

    — Exato! Mas existe uma diferença entre sedentarismo e o que chamamos de comportamento sedentário, que é algo um pouco diferente e tem um impacto específico na saúde, especialmente quando passamos muitas horas sentados.

    Comportamento Sedentário

    Diferença Entre Sedentarismo e Comportamento Sedentário

    Curiosa, Amanda inclinou-se para frente.

    — Comportamento sedentário?

    — Sim! — respondi com um sorriso. — Sedentarismo, como mencionei, é a falta de atividade física suficiente para gastar energia. Já o comportamento sedentário está relacionado ao tempo em que permanecemos sentados ou deitados enquanto estamos acordados, realizando atividades de baixo gasto energético. Ou seja, você pode até fazer seus 30 minutos de atividade por dia e ainda assim ter um comportamento sedentário se passa muitas horas sentada.

    — Interessante. Eu trabalho sentada o dia todo, então provavelmente isso se aplica a mim, certo?

    — Sim! Muitas pessoas que trabalham em escritórios ou que passam muito tempo em atividades sedentárias podem apresentar altos níveis de comportamento sedentário, mesmo se praticarem alguma atividade física no dia.

    Os Perigos do Comportamento Sedentário

    Amanda mordeu o lábio, começando a entender a seriedade do assunto.

    — E quais são os riscos de passar tanto tempo sentada?

    Ajustei-me na cadeira, assumindo um tom mais sério.

    Estudos revelam que algumas pessoas trabalham suas 8 horas por dia sentadas, saem do trabalho e vão para casa, onde permanecem por horas assistindo aos seus programas favoritos. Se essa pessoa passa 4 horas ou mais assistindo TV, são 16 horas praticamente sem gasto energético. Essa associação entre tempo sentado e consumo de alimentos pouco saudáveis pode ser letal. Estudos mostram que mais de 3 ou 4 horas diárias assistindo TV e mais de 7 horas sentadas em qualquer atividade são prejudiciais e podem aumentar a mortalidade.

    Amanda arregalou os olhos.

    — Nossa, não imaginava que era tão sério.

    — Sim, infelizmente é. E o problema é que muita gente não percebe os efeitos disso até desenvolver um problema de saúde.

    Quem São as Pessoas Mais Afetadas?

    Amanda parecia pensativa.

    — Então, pessoas que trabalham sentadas estão mais vulneráveis?

    — Exatamente. Profissionais que passam o dia no computador, em reuniões ou em atividades que exigem pouca movimentação, como professores, contadores e até motoristas, são mais vulneráveis ao comportamento sedentário. Mesmo fazendo uma caminhada ou aula de ginástica, passam muitas horas sentados diariamente.

    Amanda suspirou.

    — É como se fosse impossível escapar.

    — Não é impossível, mas realmente é um desafio. A boa notícia é que existem formas de reduzir o tempo que passamos sentados.

    Como Reduzir o Tempo Sentado no Trabalho?

    Amanda inclinou-se, interessada.

    — E o que posso fazer no meu trabalho para reduzir esse tempo?

    Sorrio, animada com o engajamento dela.

    — Existem várias estratégias! Primeiro, tente se levantar a cada 30 minutos. Pode ser para pegar um copo d’água, atender uma chamada em pé ou até fazer alguns alongamentos. Outra dica é ajustar sua estação de trabalho, como usar uma mesa regulável para alternar entre trabalhar sentada e em pé. Estudos mostram que pequenas mudanças assim fazem uma grande diferença.

    — Isso faz sentido. Acho que poderia tentar essas pausas de meia em meia hora. Também posso arrumar uma mesa ajustável — Amanda refletiu.

    — Com certeza! Além disso, incorporar uma breve caminhada durante o intervalo de almoço ou fazer alongamentos no próprio escritório pode ajudar. A ideia é quebrar o tempo sentado e evitar longos períodos ininterruptos.

    Doenças Comuns Causadas pelo Comportamento Sedentário

    Amanda parecia absorver todas as informações com interesse.

    — E quais são as doenças mais comuns ligadas a isso?

    — Uma das mais comuns é a lombalgia, aquela dor na parte inferior das costas, causada pelo enfraquecimento muscular e pela pressão nos discos da coluna. O comportamento sedentário também está associado ao aumento de peso, hipertensão, doenças cardíacas e até diabetes tipo 2.

    Amanda suspirou novamente, com um toque de preocupação no olhar.

    — É muita coisa para se preocupar, não é?

    — É sim, mas você está aqui hoje, e isso já é um ótimo primeiro passo!

    Como o Pilates Pode Ajudar?

    — E é aí que o Pilates entra! Como uma atividade de condicionamento físico, o Pilates fortalece os músculos, melhora a postura e ajuda a mobilizar o corpo todo. Além disso, o Pilates promove flexibilidade e consciência corporal, essenciais para quem passa muito tempo sentado.

    Amanda abriu um sorriso, parecendo mais aliviada.

    — Sério? Achei que era mais um exercício para alongamento.

    — Vai muito além disso. O Pilates trabalha força, equilíbrio e controle, o que é ideal para combater os efeitos negativos do comportamento sedentário.

    — Parece incrível! E, pelo que vejo, será mais do que só exercício para mim. Vai ajudar com meu bem-estar em geral — comentou Amanda, empolgada.

    — Exato! O Pilates ajuda você a reconectar-se com o próprio corpo, pois contribui para uma vida mais saudável e ativa.

    Iniciando a Jornada com Pilates

    — Então, Amanda, pronta para começar? — pergunto, com um brilho nos olhos.

    — Sim! Estou motivada para iniciar essa mudança — respondeu Amanda, confiante.

    — Ótimo! Vamos fazer isso com calma e paciência. Com o tempo, você vai perceber os benefícios de um corpo mais forte, flexível e em movimento. Vamos transformar o Pilates em uma rotina que você realmente goste! O comportamento sedentário é um assunto mais sério do que aparenta, e estudos mostram que praticar de 150 a 300 minutos de exercício físico pode ajudar a amenizar os efeitos. Mesmo assim, é importante ficar atento ao tempo sem atividade física. Equilibrar essa balança exige esforço, mas os benefícios para a saúde fazem valer a pena.

    Referências:

    Sedentary behaviour and risk of all-cause, cardiovascular and cancer mortality, and incident type 2 diabetes: a systematic review and dose response meta-analysis.

    Effectiveness of an intervention for reducing sitting time and improving health in office workers: three arm cluster randomised controlled trial BMJ 2022; 378 doi: https://doi.org/10.1136/bmj-2021-069288 (Published 17 August 2022) Cite this as: BMJ 2022;378:e069288

    Artigo escrito por:

    Dr.Douglas Santos

    Fisioterapeuta

  • Tendinite do Supraespinhoso: O que é?

    Tendinite do Supraespinhoso: O que é?

    Tempo de Leitura: 6minutos

    “Olá, Emili! Como você está?” Cumprimento-a com um sorriso acolhedor enquanto a conduzia para a sala de consulta. _Estou bem, mas esse ombro… Está difícil. Pois, tenho tido bastante dor ao levantar o braço,” Emili respondeu, parecendo desconfortável. O médico disse que é Tendinite do Supraespinhoso.

    “Pela sua descrição sem dúvida que o diagnóstico do médico está correto. Vamos conversar sobre isso com calma. Esse é um problema comum que afeta muita gente, especialmente aqueles que fazem movimentos repetitivos com os braços acima da cabeça.”

    “Sim, é isso mesmo! O que exatamente é essa tendinite?” Emili perguntou.

    “A tendinite do Supraespinhoso é uma inflamação de um dos tendões do ombro, especificamente o tendão do músculo Supraespinhal. Ele faz parte de um grupo de músculos conhecidos como manguito rotador. Esse tipo de tendinite pode gerar muita dor e limitar o movimento.”

    O Tendão do Supraespinhoso e o Manguito Rotador

    “Manguito o que??” Emili quis saber, tentando entender melhor a anatomia do ombro.

    “Todo tendão conecta o músculo ao osso, o que permite o movimento do membro. No entanto, esse músculo integra um conjunto de músculos conhecidos como manguito rotador. Ou seja, eles são estruturas muito importantes para promover a estabilidade do ombro durante os movimentos.”

    “Então o manguito rotador é como um grupo de músculos e tendões que cuidam do ombro?” Emili perguntou, interessada.

    “Isso mesmo! O manguito rotador é formado por quatro músculos principais: o Supraespinhoso, o Infraespinhoso, o Subescapular e o redondo menor. Cada um desses músculos tem um papel específico, mas, juntos, eles estabilizam e auxiliam na coordenação dos movimentos da articulação do ombro, permitindo movimentos amplos e seguros.

    Tendinite do Supraespinhoso: O que é?

    Causas da Inflamação: Uso Excessivo e Problemas Biomecânicos

    “E o que causa essa inflamação?” Emili questionou, ansiosa para entender como a condição se desenvolveu.

    “Essa é uma ótima pergunta. Existem algumas causas comuns para a tendinite do Supraespinhoso. A primeira é o uso excessivo, especialmente em atividades que exigem movimentos repetitivos do braço, como levantar peso, pintar paredes ou até praticar esportes como o tênis ou natação,”

    “Eu pratico natação! Será que foi isso?” Emili perguntou, preocupada.

    “É possível. Mas, além do uso excessivo, também temos causas biomecânicas, como problemas de postura ou desalinhamentos na articulação do ombro, falha na coordenação, e até problemas anatômicos que contribuem para aumentar a pressão sobre o tendão. Quando isso acontece, o corpo acaba forçando o Supraespinhoso a trabalhar mais do que o normal, o que pode levar à inflamação.”

    “Então, é uma combinação de fatores que sobrecarregam o tendão?

    “Exatamente! É como se o tendão fosse sobrecarregado com frequência além do limite, repetidas vezes, até começar a causar micro lesãoes no tendão.” O corpo tentará reparar essas micro lesões e isso tem um preço, pois toda tentativa de reparo envolve inflamação e toda inflamação gera dor.

    Esse tipo de problema pode surgir gradativamente até manifestar os sintomas. Além disso, quedas de mal jeito, também impactam esse tendão, levando a uma inflamação. Por isso, a história que o paciente nos conta sobre como a dor começou é muito importante para o tratamento adequado.

    Sintomas da Tendinite do Supraespinhoso

    “Quais são os sintomas mais comuns dessa tendinite?” Emili perguntou, querendo saber se os dela eram típicos.

    “Bem, a dor ao levantar o braço, especialmente acima da linha do ombro, é um dos sintomas mais comuns. Algumas pessoas também sentem dor ao fazer movimentos específicos ou ao dormir sobre o ombro afetado. Em casos mais avançados, pode haver até uma sensação de fraqueza no braço, dificultando atividades que antes pareciam fáceis.”

    “Isso é bem o que estou sentindo,” Emili confirmou, aliviada em saber que os sintomas eram normais.

    Pessoas Mais Afetadas pela Tendinite do Supraespinhoso

    “Essa tendinite afeta algum grupo específico?” Emili quis saber.

    “Sim, pessoas que realizam atividades que envolvem o uso constante do ombro têm maior chance de desenvolver tendinite do Supraespinhoso. Isso inclui trabalhadores como pintores, carpinteiros, atletas que jogam tênis, nadadores, ou mesmo pessoas que passam muito tempo no computador com postura inadequada.”

    “Eu nunca imaginei que um problema assim pudesse surgir na natação. Sempre achei que o esporte ajudava a fortalecer o corpo,” Emili comentou.

    “O esporte ajuda, sim, mas o excesso ou a falta de técnica na execução de certos movimentos pode gerar sobrecarga em algumas estruturas.”

    A Tendinite do Supraespinhoso Tem Cura?

    “Fico preocupada em saber se isso tem cura. Será que vou me recuperar completamente?” Emili questionou, com um toque de apreensão.

    “Pode ficar tranquila, Emili! Esse tipo de problema tem, sim, cura. O segredo está em seguir o tratamento direitinho e ter paciência. A fisioterapia será fundamental para reduzir a inflamação e fortalecer os músculos ao redor do ombro, garantindo uma recuperação sólida.”

    “Que alívio ouvir isso! Pois, vou fazer tudo direitinho,” Emili respondeu, determinada.

    Tratamento e Tempo de Recuperação

    “E como funciona o tratamento? Quanto tempo leva para eu ficar boa?”  

    O tratamento pode ser conservador ou cirúrgico. Tudo dependerá da magnitude da lesão do tendão supraespinhoso.

    “O tratamento conservador, geralmente envolve sessões de fisioterapia, onde trabalharemos com técnicas para reduzir a inflamação, melhorar a mobilidade e flexibilidade, corrigir quaisquer desequilíbrios musculares ou posturais que possam contribuir para a tendinite. Podemos também utilizar exercícios específicos para fortalecer a musculatura. Medicamentos anti-inflamatórios prescritos pelos médicos são de grande valor no tratamento.”

    No entanto, com a persistência da dor, o paciente é orientado a retornar para o médico ortopedista, que fará uma investigação mais detalhada. Em casos onde é constatado a ruptura parcial do tendão, onde o tratamento conservador falhou, a cirurgia para reparo do tendão pode ser recomendada.

    “E quanto tempo leva pra curar?” Emili perguntou.

    “Normalmente, a recuperação pode variar de algumas semanas a alguns meses, dependendo da gravidade da tendinite e da resposta ao tratamento. Alguns casos leves podem se resolver em cerca de quatro a seis semanas, enquanto casos mais avançados podem levar três meses ou mais. Tudo depende de uma série de variáveis que constatamos ao avaliar o paciente.”—

    A Importância do Autocuidado e Paciência no Tratamento

    “Preciso tomar algum cuidado específico no dia a dia?” Emili quis saber, preocupada em acelerar sua recuperação.

    “Sim, é importante evitar atividades que sobrecarreguem o ombro até ele estar recuperado. Principalmente não realizar movimentos que provocam a dor. Também vamos trabalhar na sua postura e na consciência corporal e coordenação para ajudar a evitar futuras lesões. Evite dormir pelo menos por enquanto sobre o lado doloroso. Como você pratica natação é muito importante conversar com seu professor e trabalhar na sua técnica. Essas recomendações são as mais básicas, pelo menos para seu caso. Na reabilitação vamos incluindo cada vez mais recomendações a medida que vamos descobrindo como você funciona.

    “Estou entendendo melhor agora, obrigada, Douglas. Vou me cuidar!”

    “É isso aí Emili! Se você seguir as orientações e manter uma postura consciente, sua recuperação será mais rápida. Lembre-se de que cada passo no tratamento conta!”

    “Obrigada, Douglas. Eu realmente precisava entender o que está acontecendo com meu ombro, e agora me sinto mais preparada para cuidar dele!”

    “Que bom, Emili! Vamos trabalhar juntos para que você fique bem. Conte comigo nesse processo.”

    Artigo escrito por:

    Dr.Douglas Santos

    Fisioterapeuta

  • Postura

    Postura

    Tempo de leitura: 6 minutos

    Na fila da sorveteria aguardo ansiosamente minha vez. Nesta sorveteria que fica ao lado da nossa clínica, (diga-se de passagem, tem o melhor sorvete de torta de limão que já provei). Observo uma mãe falando para o filho adolescente: _Arruma essa Postura! Você está todo tordo. O jovem de uns 15 anos, prontamente escuta sua mãe e s posiciona superelegante. Dois minutos depois, a mãe novamente: _Filho eu já te falei, arruma essa postura! _ Eu arrumei mãe, mas ela não fica. Pobre garoto! seu esforço para manter a postura é louvável, mas pouco a pouco vai sendo vencido, e nem se dá conta…

    Postura: Da História à Compreensão Atual

    A palavra “postura” tem suas raízes no latim positura, que significava simplesmente “posição” ou “forma de estar.

    Historicamente, a postura era entendida como a forma, como uma pessoa se apresentava fisicamente no mundo, seja em pé, sentada ou em movimento.

    Com o passar do tempo, e com o avanço das ciências biomédicas, o conceito de postura foi ganhando um caráter cada vez mais técnico. Principalmente, associado à biomecânica do corpo humano.

    Com o surgimento da ortopedia moderna, a postura passou a ser vista como algo de parâmetros de alinhamento considerados ideais para a saúde .

    Hoje em dia, a palavra postura continua sendo amplamente utilizada, mas muitas vezes de forma reducionista.

    Ela é frequentemente associada à ideia de “ficar reto”, “corrigir” ou “alinhar” o corpo.

    Na maiorias das vezes, sempre de acordo com padrões estéticos e mecânicos que nem sempre refletem a realidade da diversidade corporal ou das necessidades individuais.

    Se somos seres assimétricos de natureza, então por que a ideia de simetria?

    Esse entendimento limitado da postura pode levar a mal-entendidos sobre o que realmente significa se mover e se organizar no espaço de forma saudável.

    O Falso Entendimento da palavra Postura

    Quando falamos em “postura” é comum pensar em alguém com as costas retas, ombros para trás e queixo erguido. É como se essa fosse a definição universal de uma boa postura.

    É claro que, essa é uma concepção mecânica e rígida ignora a complexidade do corpo humano. Pois o corpo, é muito mais do que uma estrutura de ossos e músculos a ser corrigida.

    A postura, em sua essência, não se refere apenas à forma como organizamos nosso corpo estaticamente, mas sim a como ele se move, se adapta e interage com o ambiente ao longo do tempo.

    Muitas pessoas se tornam hiper vigilantes em relação à sua “boa postura”, tentando constantemente manter um alinhamento “perfeito” que, na verdade, apenas geraram mais tensões e desconfortos musculares.

     A ideia de que existe uma única forma ideal de se posicionar cria uma relação artificial com o corpo, onde o foco está em corrigir e não em sentir, perceber ou entender como o corpo realmente funciona e o que ele precisa.

    O Corpo e a Influência do Psiquismo

    “Porque não nos movimentamos de forma tão fluída quanto as marionetes? Simples, por que marionetes não tem Psiquismos!”

    Piret e Beziers escreveram um dos livros mais complexos que já li: A coordenação Motora. O livro é encantador de tão difícil o seu entendimento e compreensão.

    As autoras se perguntaram: Por que os seres humanos possuem as mesmas composições estruturais, mesma fisiologia, mas posicionam e movimentam-se de forma tão diferente?

    Um dos fatores que ajuda a explicar por que as pessoas se movem e se organizam de maneira tão diferente, apesar de termos uma estrutura física muito parecida, é a influência do psiquismo no corpo.

    A ideia do corpo é “coberto de psiquismo” sugere que nossos movimentos, nossa postura e nossa forma de estar no mundo são influenciados por emoções, memórias e estados mentais.

     Isso significa que o corpo não é apenas uma máquina biomecânica, mas também uma extensão da mente, com cada movimento refletindo algo mais profundo do que apenas a necessidade física de se locomover ou se posicionar.

    Essa conexão entre corpo e mente explica por que duas pessoas com características físicas semelhantes podem se mover de formas totalmente distintas.

    O psiquismo, ou seja, os aspectos psicológicos e emocionais que carregamos, molda a nossa relação com o corpo e com o movimento, tornando cada postura e gesto algo profundamente único e pessoal.

    Postura

    A RPG Souchard e a ideia de globalidade.

    A Reeducação Postural Global (RPG) é um método terapêutico criado pelo fisioterapeuta francês Philippe Souchard nos anos 80. Souchard, desenvolveu a RPG a partir de uma visão inovadora sobre a postura corporal e o tratamento das disfunções musculoesqueléticas.

    Ele percebeu que o corpo funciona de maneira integrada e que o tratamento de uma dor específica deveria considerar todo o corpo, em vez de focar apenas na área com dor.

    Com essa abordagem, ele buscou identificar e corrigir os desequilíbrios posturais que comprometem o alinhamento e a funcionalidade do corpo.

    A RPG trabalha com posturas que alongam as cadeias musculares e promovem a conscientização corporal. Em cada sessão, o fisioterapeuta analisa e ajusta a postura do paciente, visando a correção das compensações e tensões acumuladas ao longo dos anos.

    É um processo feito com o paciente em diferentes posturas, onde ele realiza movimentos controlados e alongamentos globais, sempre orientado para manter uma respiração adequada.

    Com isso, o tratamento vai além do alívio imediato da dor, proporcionando uma reeducação corporal que favorece a prevenção de novas lesões.

    A RPG é maravilhosa, por promover não só o bem-estar físico, mas também uma nova consciência sobre o corpo.

    Ao envolver o paciente de maneira ativa e integral, a RPG permite que ele aprenda a identificar as necessidades do próprio corpo e, assim, cuide da postura e dos movimentos de forma mais consciente no dia a dia.

    É uma abordagem holística e personalizada. É valorizada por quem busca não apenas tratar dores, mas também, desenvolver uma relação mais saudável com o próprio corpo.

    Por Que Conhecer o Corpo Vai Além da Correção da Postura

    A busca por corrigir a postura muitas vezes nos leva a uma relação superficial e forçada com o corpo, focada apenas na aparência ou no cumprimento de padrões arbitrários.

    No entanto, o verdadeiro autoconhecimento corporal é uma jornada muito mais profunda.

    A RPG Souchard nos convida a entender nossos próprios padrões de movimento, explorar novas formas de organização corporal e, principalmente, cultivar uma relação mais harmoniosa e consciente com o próprio corpo.

    Essa viagem não se trata de alcançar uma postura perfeita, mas de viver no corpo de forma mais eficiente, confortável e plena.

    Ao explorarmos o corpo a partir dessa perspectiva, descobrimos que o verdadeiro bem-estar, não está em como parecemos por fora, mas em como nos sentimos e nos movemos por dentro.

    Artigo escrito por:

    Dr.Douglas Santos

    Fisioterapeuta

  • Mas o que é esse tal de CORE?

    Mas o que é esse tal de CORE?

    Tempo de Leitura: 4 minutos

    Core: Quatro Letras, e uma Importância Fundamental. Uma das coisas que mais adoro no ambiente clínico, com atendimento individualizado, é a possibilidade de me sentar com o paciente, ouvi-lo, conversar sobre seu problema e entender seus medos, preocupações e dúvidas. Essa comunicação pode parecer superficial, mas considero um dos elementos mais importantes na avaliação. Hoje, escreverei sobre Seu Elias, um simpático senhor que tive a oportunidade de ajudar em nossa clínica.

    1. Core, uma Recomendação do Médico

    Revisando o histórico de Seu Elias, junto com alguns testes físicos e análises de exames da coluna, ouvi sua voz rouca na sala. Aos 67 anos, ele vinha lidando com dores lombares frequentes e, recentemente, seu médico recomendou que ele “fortalecesse o core”. Confuso com o termo, ele decidiu me perguntar o que isso realmente significava.

    “Doutor, esse tal de core… O médico me disse que é importante fortalecer, explicou que são os músculos aqui da barriga e que ajudam na coluna, mas não entendi direito. O que é isso, afinal?” perguntou Seu Elias, franzindo o cenho.

    Sorri, sabendo que muitas pessoas pensam que o core se resume ao abdômen, mas a verdade é bem mais ampla e complexa. Esse era o momento perfeito para explicar de forma prática e acessível.

    2. Quais Músculos o Compõem?

    Peguei meu tradicional livro de anatomia e mostrei a ele: “Seu Elias, imagine o core como o centro de força do seu corpo. O Core é composto por um conjunto de músculos que sustentam o tronco e a coluna. E não é só o abdômen. No core, temos o reto abdominal, o transverso do abdome, assoalho pélvico, os oblíquos internos e externos, e os músculos das costas, como o multífido e o eretor da espinha”

    Enquanto mostrava cada músculo, acrescentei: “Esses músculos, juntos, funcionam como uma espécie de cinturão natural, protegendo e estabilizando a coluna. Quando o core está fraco, é como se essa proteção estivesse frouxa, deixando a coluna mais vulnerável. Imagine-os como um colete de proteção extra ao redor da coluna.”

    Seu Elias assentiu, interessado, começando a entender o valor desses músculos na sustentação do corpo.

    3. Por Que o Fortalecimento é Importante?

    “Mas doutor, por que esses músculos são tão importantes?” perguntou ele, intrigado.

    Respondi: “O core é responsável por manter seu corpo estável, especialmente durante movimentos do dia a dia, como abaixar-se, levantar-se, elevar cargas, torcer o corpo e até respirar. Quando o core é forte, ele ajuda a distribuir o peso e absorver impactos, reduzindo a sobrecarga na coluna e nas articulações.”

    Expliquei que, sem essa base forte, a coluna acaba absorvendo mais esforço, o que pode agravar a dor lombar e até provocar outras lesões. “Pense nesses músculos como a fundação de uma casa. Se ela é sólida, a casa fica mais resistente. Se é fraca, qualquer ventinho pode causar danos.”

    4. Os Benefícios de Ter um Core Bem Desenvolvido

    Seu Elias ficou animado ao ouvir isso. “Então, se eu fortalecer o core, minha dor lombar pode melhorar?”

    “Depende! Se a fraqueza no core realmente for uma das causas da dor, fortalecê-lo pode ajudar a aliviar o desconforto, melhorar o equilíbrio e até prevenir novas lesões. Além disso, um core fortalecido melhora a postura, o que evita pressão desnecessária na coluna.”

    Falei ainda sobre outros benefícios: “Com um core bem desenvolvido, você também sente menos cansaço ao fazer atividades físicas, melhora a respiração e até o desempenho cardiovascular, pois os músculos do core também auxiliam na respiração profunda. Assim, fortalece-se o corpo como um todo.”

    5. Como Fortalecer o Core na Reabilitação da Coluna

    Seu Elias estava convencido, mas precisava entender como isso seria feito de forma segura para sua condição de dor lombar. “Seu Elias, para fortalecer o core, não precisamos de exercícios intensos, como abdominais tradicionais, que podem sobrecarregar a coluna. No seu caso, vamos focar em movimentos leves e específicos, que ativem os músculos certos sem forçar a lombar.”

    Expliquei que os exercícios para ativar o core precisam ser realizados de forma controlada e segura. “Vamos começar com alguns exercícios respiratórios, ensinando o senhor a ativar o transverso do abdome, que é o músculo mais profundo e um dos mais importantes para estabilizar a coluna.” Em seguida, trabalharemos cada músculo, pouco a pouco, até que o senhor seja capaz de ativá-los quase automaticamente.

    Enfatizei que a prática gradual e controlada era essencial. “Fortalecer o core é como treinar uma equipe. Se todos os músculos trabalham em harmonia, o corpo fica mais estável. Mas, se apenas alguns fazem o esforço, há um desequilíbrio que pode até agravar as dores.”

    Seu Elias sorriu, agora com uma compreensão clara e motivado para começar. Ele finalmente sentia que tinha a orientação necessária para cuidar melhor da coluna e retomar suas atividades diárias com menos dor e mais segurança.

    Artigo escrito por:

    Dr.Douglas Santos

    Fisioterapeuta

  • Exercício ou Atividade física?

    Exercício ou Atividade física?

    Tempo de leitura: 5 minutos

    Felipe era um homem de 45 anos que, ao longo dos últimos anos, vinha enfrentando dores nas costas e nas articulações. Apesar das várias orientações que havia recebido sobre os benefícios do exercício físico, ele continuava levando uma vida sedentária, sentado por horas no trabalho e sem praticar nenhuma atividade física regular. Após uma visita ao ortopedista, foi encaminhado a nossa clínica de fisioterapia para tratar da coluna e melhorar a postura. Lá, ele foi atendido por mim, uma das fisioterapeutas da clínica.

    Após uma breve conversa inicial, Felipe, curioso, perguntou:

    — Maite, eu sei que sou sedentário e que preciso me exercitar, mas nunca entendi muito bem a diferença entre atividade física e exercício físico. Para ser honesto, há diferença entre esses dois?

    Sorrio, percebendo que essa era uma excelente oportunidade para explicar os conceitos e, ao mesmo tempo, inspirar Felipe a adotar hábitos mais saudáveis.

    Diferença entre Atividade Física e Exercício Físico

    Comecei explicando:

    — Felipe, essa é uma pergunta muito comum. Basicamente, “atividade física” é qualquer movimento que fazemos e que exige energia. Isso inclui coisas simples como caminhar até o supermercado, subir escadas, varrer a casa, ou mesmo levantar-se de uma cadeira. Ou seja, qualquer movimento que coloque nosso corpo em ação, no cotidiano, já conta como atividade física.

    — Já o “exercício físico” é um tipo específico de atividade física, mas que é planejado, estruturado e repetitivo, com o objetivo de melhorar ou manter um aspecto da saúde ou da aptidão física. Por exemplo, uma caminhada diária de 30 minutos, uma aula de musculação ou um treino de corrida. A diferença essencial é que o exercício físico tem um propósito de melhorar a saúde e, normalmente, segue uma regularidade.

    Felipe assentiu, parecendo entender.

    — Então, se eu fizesse caminhadas todos os dias ou seguisse um plano de exercícios, isso já ajudaria?

    Confirmei, complementando:

    — Exatamente. Incorporar o exercício físico à rotina faz uma grande diferença para o corpo e, a longo prazo, na qualidade de vida.

    Problemas de Saúde Causados pelo Sedentarismo

    Felipe, então, ficou mais pensativo e perguntou:

    — Sei que o sedentarismo faz mal para a saúde mas…Parece algo tão abstrato…

    Peguei essa deixa para abordar os riscos:

    — Os problemas do sedentarismo, na verdade, são bem concretos e podem afetar muitos aspectos da saúde. Ele é considerado um dos principais fatores de risco para doenças crônicas não transmissíveis, como diabetes, hipertensão, obesidade e doenças cardíacas. Ficar muito tempo sem se mover enfraquece nossos músculos e articulações, piora a circulação sanguínea e reduz a capacidade do corpo de queimar calorias, o que contribui para o ganho de peso.

    — Além disso, há impactos na saúde mental, pois a inatividade está associada a maiores níveis de ansiedade e depressão. Pessoas que não se movimentam regularmente acabam tendo mais dificuldade para lidar com o estresse, pois os exercícios físicos ajudam na liberação de endorfinas, que são conhecidas como “hormônios da felicidade”.

    Felipe começou a perceber a gravidade do sedentarismo e, preocupado, perguntou:

    — E como eu posso evitar todos esses problemas?

    Repondo:

    — Esse é o ponto mais importante, Felipe. Basta começar a fazer exercícios físicos regularmente, com o acompanhamento adequado e no seu ritmo. Não precisa ser algo intenso; o importante é manter a regularidade e incluir o exercício na sua rotina.

    Importância e Benefícios do Exercício Físico Regular

    Com um sorriso encorajador, continuo:

    — Os benefícios de se exercitar regularmente são imensos. Primeiramente, há um aumento na resistência muscular e cardiovascular, o que faz com que atividades do dia a dia fiquem mais fáceis. Em segundo lugar, há a melhora do sistema imunológico, tornando o corpo mais resistente a infecções. A prática de exercícios também auxilia na perda e manutenção do peso corporal, aumenta a disposição e melhora a qualidade do sono além de reduz o risco de desenvolver doenças crônicas.

    — E a longo prazo, estudos mostram que quem pratica exercícios físicos regularmente tem uma expectativa de vida maior. Isso ocorre porque o exercício contribui para a diminuição da taxa de mortalidade, ou seja, reduz o risco de morte por várias doenças. Além disso, aumenta a qualidade de vida na velhice, mantendo o corpo mais independente e saudável.

    Felipe ficou impressionado com tantos benefícios e, animado, perguntou sobre a quantidade ideal de exercícios.

    Então trouxe a recomendação:

    — Segundo o Colégio Americano de Medicina do Esporte (ACMS) e a Organização Mundial da Saúde (OMS), o ideal é que adultos realizem pelo menos 150 a 300 minutos de atividade física aeróbica moderada por semana, ou 75 a 150 minutos de atividade intensa. Ou seja, cerca de 30 minutos por dia já fazem uma diferença enorme. Além disso, é recomendado fazer exercícios de fortalecimento muscular pelo menos duas vezes na semana.

    Transformando o Conhecimento em Ação

    Animado, Felipe concluiu:

    — Acho que agora entendo a importância. Eu quero tentar! Pode me ajudar a montar um plano básico?

    Sorrio, vendo o entusiasmo do Felipe:

    — Claro! Vamos começar com algo que você goste de fazer e que encaixe no seu dia a dia. Depois, aumentamos a intensidade e a duração conforme seu corpo se adaptar.

    Juntos, traçamos um plano inicial de caminhada, Pilates e trabalhos de força. Felipe saiu da sessão com uma nova perspectiva, pronto para adotar hábitos mais saudáveis e encarar a caminhada em direção a uma vida ativa, mais saudável e prolongada.

    Artigo escrito por:

    Dr.Douglas Santos

    Fisioterapeuta

  • Escoliose : O Valor da Privacidade no Tratamento

    Escoliose : O Valor da Privacidade no Tratamento

    Tempo de Leitura: 6 minutos

    Os pais de Lucas, um adolescente que recentemente começou o tratamento de escoliose, chegaram à clínica para uma conversa. Após os cumprimentos iniciais, a mãe de Lucas, visivelmente preocupada, levantou uma questão que já vinha intrigando os dois há algum tempo.

    Mãe de Lucas: “A gente tem visto nas redes sociais de outros fisioterapeutas várias fotos de antes e depois dos pacientes. Ficamos até animados com a ideia, pois há resultados impressionantes na internet, mas percebi que você não posta esse tipo de foto. Gostaríamos de entender o porquê. Existe algum motivo específico?”

    Respiro fundo, entendendo a preocupação dos pais, e peço para se sentarem, pois, a explicação será séria.

    Escoliose

    Entendendo a Escoliose: Cada Paciente é Único

    “Claro, eu entendo a curiosidade de vocês, e fico feliz que tenham trazido essa questão. Essa é uma pergunta comum, e é importante falar sobre isso, porque realmente faz toda a diferença na forma como eu trabalho com os pacientes com escoliose. Então, vamos por partes…”

    Os pais assentiram, atentos e curiosos.

    “Primeiro, vamos entender um pouco mais sobre a escoliose em si. Escoliose é uma condição em que a coluna tem uma curvatura anormal, formando uma espécie de ‘S’ ou ‘C’ quando vista de trás. Essa condição pode ter várias causas, algumas genéticas, outras relacionadas a fatores do crescimento, hormonais e até questões neuromusculares. No caso de Lucas, por exemplo, a escoliose não surgiu por um único motivo e é impossível determinar a verdadeira causa de sua escoliose, por isso ela é chamada de idiopática. É uma condição de multicausalidade, ou seja, há uma combinação de fatores que influenciam no desenvolvimento da escoliose. Por isso, o tratamento também precisa ser adaptado e focado em atender as necessidades específicas dele.”

    Pai de Lucas: “Entendi. Então, a forma como a escoliose se apresenta em cada pessoa é única?”

    “Exatamente. Por isso, os resultados de um paciente não refletem o mesmo resultado para outro. Mesmo que possuam a mesma idade, a coluna vertebral com as mesmas características, curvas, ângulo de Cobb etc. Cada paciente desenvolve a condição e reage ao tratamento de maneira completamente diferente. Então, mostrar um ‘antes e depois’ nas redes sociais pode acabar criando uma expectativa irreal, como se o que funcionou para um paciente fosse funcionar para todos da mesma forma. E não é bem assim.”

    A mãe de Lucas pareceu refletir por um momento.

    Fotos para Controle Clínico: Um Registro Privado

    Mãe de Lucas: “É verdade, faz sentido. Às vezes, é fácil comparar e pensar que todos terão o mesmo progresso, mas cada pessoa é diferente. Mas a foto de antes e depois também não ajuda no controle do caso clínico?”

    “Sim, sem dúvida! As fotos de antes e depois são uma ótima ferramenta para a gente aqui na clínica, porque nos ajudam a acompanhar as mudanças e evoluções de cada paciente ao longo do tempo. Porém, essas fotos fazem parte do prontuário, ou seja, da documentação particular do tratamento do paciente. Elas não são destinadas ao público, mas sim ao controle clínico, de forma privada.”

    Radiografia da Escoliose: A Coluna Não Define o Paciente”

    Pai de Lucas: “Entendi. E quanto às radiografias? Elas mostram a gravidade da curvatura da coluna, não é?”

    Escoliose

    “Sim, a radiografia é um recurso fundamental para entendermos as características das curvas da coluna, a gravidade e o tipo da escoliose. Mas também é importante lembrar que a radiografia só mostra a estrutura da coluna, ou seja, ela não reflete o paciente como um todo. O Lucas, por exemplo, é muito mais do que aquela imagem da coluna. Ele é um adolescente cheio de sonhos, com uma personalidade própria, gostos e preferências, e com habilidades incríveis em determinadas atividades. A gente trabalha com o paciente, não só com a radiografia. É importante não resumir a condição dele apenas ao que aparece em um exame.”

    A mãe de Lucas sorriu, compreendendo o que eu quis dizer.

    Mãe de Lucas: “Nunca tínhamos pensado nisso assim, mas faz sentido. E quanto à questão de expor os pacientes na internet realmente, não me parece correto. Eu não gostaria de ver meu filho por aí, exibido como um troféu dessas clínicas.

    Respeito e Privacidade

     “Esse é um ponto muito importante para mim. Como profissional, hoje tenho um compromisso com a privacidade e o respeito dos pacientes. No passado, já postei fotos de antes e depois de alguns pacientes que me autorizaram, afinal é muito recompensador mostrar o resultado do trabalho com o paciente com escoliose, principalmente se o resultado é espetacular. mas vocês já viram as fotos de antes e depois dos casos que fracassaram no tratamento conservador? Nem precisam me responder…

    Mas hoje minha mentalidade é diferente. Eu acredito que cada pessoa merece ter a escolha de expor ou não sua imagem, especialmente em uma situação de saúde. Tratamos aqui de questões que podem ser sensíveis para alguns, e penso que, ao não compartilhar essas imagens publicamente, estou respeitando a privacidade e protegendo a imagem dos pacientes. Quero que eles se sintam seguros e acolhidos durante todo o processo de tratamento, não em um mostruário na internet”. Se o paciente quer compartilhar suas fotos, a decisão e ação é dele.

    Provas visuais surgem aos poucos

    Os pais de Lucas trocaram olhares, demonstrando compreensão e um certo alívio.

    Pai de Lucas: “Faz muito sentido. Acho que quando a gente está buscando um tratamento, às vezes quer ver provas visuais de que vai dar certo, mas pelo que você falou, isso é algo muito mais profundo, não é?”

    “Isso mesmo. Os resultados são visíveis no dia a dia, no bem-estar e nas habilidades que o Lucas vai desenvolvendo. Em determinados períodos outras radiografias serão tiradas e poderemos observar se o Lucas está ou não respondendo ao tratamento. Cada pequeno avanço é uma conquista, e o tratamento não se resume a uma foto de antes e depois. É uma jornada de cuidado, respeito e dedicação que as vezes dura a vida toda. Estou aqui para guiar o Lucas nesse caminho, e isso vai muito além do que qualquer imagem poderia mostrar.”

    Mãe de Lucas: “Muito obrigada pela sua explicação. Ficamos mais tranquilos e confiantes com sua abordagem. Sabemos que ele está em boas mãos.”

    “Agradeço muito pela confiança de vocês! Vamos continuar trabalhando para que o Lucas se sinta cada vez mais confortável e confiante em seu próprio corpo. Se tiverem outras dúvidas ao longo do processo, saibam que estou sempre à disposição para conversar e esclarecer o que for necessário.”

    Os pais de Lucas agradeceram novamente, e a conversa terminou com um sentimento de alívio e satisfação, entendendo que o caminho escolhido respeitava não apenas a condição de Lucas, mas também seu desenvolvimento e bem-estar emocional.

  •  A Caminhada, uma ligação: Gelo ou Calor?

     A Caminhada, uma ligação: Gelo ou Calor?

    Tempo de Leitura: 4 minutos

    Domingo de Caminhada

    Domingão, dia claro, bonito, temperatura agradável, nem gelo ou calor, ops, quis dizer nem frio ou calor. Saio para fazer minha caminhada, que adoro, pois me ajuda a organizar os pensamentos e relaxar. Com os fones de ouvido, escutando um suave e calmante heavy metal, sinto que é a combinação perfeita para colocar ordem na consciência.

    No meio da caminhada, resolvo pegar o celular para escolher outra música. Sabe aquele momento em que você toca no celular e, de repente, recebe uma ligação? É um sincronismo impressionante! Olho para o visor e vejo que é G. quem está ligando.

    A Ligação de um Amigo em Apuros

    G. é um jogador de futebol de “fim de semana”. Conheço-o há anos; ele mora em Curitiba e adora jogar com os amigos nos finais de semana. Atendo o telefone, e G. já começa a explicar a situação. Durante uma partida, levou um carrinho, e o tornozelo inchou na hora. Ele está superpreocupado. Enquanto ele descreve o que aconteceu, minha mente já vai visualizando as estruturas envolvidas na lesão.

    Tento acalmá-lo, explicando que lesões como essa são comuns em esportes, e provavelmente ele tenha sofrido uma entorse no tornozelo. Não é nada muito grave, mas entorses são sempre desconfortáveis.

    Estudos mostram que nos países ocidentais, ocorre quase que uma entorse de tornozelo por dia a cada 10.000 indivíduos. Aproximadamente 40% de todas as lesões traumáticas no tornozelo ocorrem durante atividades atléticas. Entre essas atividades, basquete (41,1%), futebol americano (9,3%) e futebol (7,9%) se destacam por terem as maiores taxas de incidência.

    Gelo ou Calor?

    Gelo ou Calor: Qual Escolher?

    G. me diz que o tornozelo está bastante inchado e dolorido, mas funcional. Ele quer saber se é melhor usar gelo ou calor para aliviar a dor. Pergunto, brincando, se ele estava usando a camisa do Coritiba Futebol Clube durante a partida. Ele responde que sim, ao que eu logo comento: “Ah, isso explica muita coisa!” (sou atleticano e não poderia deixar de fazer a piada).

    — Primeiramente, fica tranquilo! Vou te ajudar a entender o que é melhor para o seu tornozelo agora. Sei que muita gente fica na dúvida entre gelo e calor.

    — Cara, nunca sei qual usar! — G. desabafa. — Alguns falam que é gelo, outros dizem que calor ajuda mais. Fico confuso.

    — Vamos lá, deixa eu te explicar. O gelo e o calor têm efeitos diferentes, então a escolha depende do tipo de lesão. Vamos começar pelo gelo, que é o mais indicado para o que aconteceu agora.

    — Claro, pode explicar — G. responde, ainda preocupado, mas curioso.

    A Importância do Gelo para Lesões Recentes

    — O gelo é ideal para lesões recentes, como a sua, porque ajuda a controlar o inchaço e diminui a dor. Quando você aplica gelo, ele age como um “anestésico” local, pois diminui a circulação sanguínea na área machucada. Isso reduz a inflamação e ajuda a controlar o inchaço. Além disso, o frio “desacelera” o metabolismo das células da área afetada, então elas gastam menos energia e se recuperam com mais eficiência.

    — Entendi. E como devo usar o gelo, então?

    — Ótima pergunta! Aplique o gelo por cerca de 20 minutos, a cada 2 horas. Mas atenção: sempre coloque um pano ou toalha entre o gelo e a pele para evitar queimaduras. Se for usar uma bolsa de gelo, melhor ainda. Esse tempo e cuidado são importantes para que o gelo não cause danos à pele.

    G. já se sente aliviado por entender o procedimento, mas ainda tem outra dúvida.

    Gelo ou Calor?

    Quando o Calor é Indicado?

    — E o calor? Quando é que ele entra em cena? — ele pergunta.

    — O calor é indicado para lesões mais antigas ou crônicas, quando o inchaço já passou e queremos relaxar músculos tensos ou aliviar uma dor crônica. O calor aumenta a circulação na área e ajuda a relaxar os músculos, o que é ótimo para lesões antigas, rigidez ou articulações “travadas”. No seu caso, com o tornozelo ainda inchado, o calor só aumentaria o fluxo de sangue e o inchaço.

    — Nossa, está muito mais claro agora! — ele diz, visivelmente mais calmo.

    — Fico feliz em ajudar! Comece com o gelo para dar uma aliviada no tornozelo. Evite apoiar muito peso nele nos próximos dias para reduzir a pressão. E, claro, procure assistência médica local para uma avaliação mais completa.

    — Pode deixar, doutor, vou seguir direitinho o que você disse.

    — E da próxima vez, deixa a camisa do Coritiba Futebol Clube em casa, viu? Aquela camisa é um imã de lesão! — concluo, arrancando uma risada do G.

    Artigo escrito por:

    Dr.Douglas Santos

    Fisioterapeuta

    Referências Bibliográficas:

    Evidence-based clinical practice guidelines for the management of acute ankle injuries according to: a PRISMA systematic review and quality appraisal with AGREE II

    Acute ankle sprain in athletes: Clinical aspects and algorithmic approach

  • Quando a coluna trava, o que fazer?

    Quando a coluna trava, o que fazer?

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    Quando a coluna trava, o que fazer!

    “Um céu de Brigadeiro”

    Era uma bela terça-feira de 2018, uma daquelas manhãs que ficam gravadas na Coluna…opa, quis dizer na memória…

    O sol brilhava forte, céu azul, típico de Foz do Iguaçu. Eu e minha esposa nos levantamos cedo, prontos para encarar a rotina.

    E eu, que amo estudar e tratar a coluna vertebral, a princípio, tinha uma agenda pela frente.

    Tomamos o café da manhã e estávamos prontos para iniciar a jornada.

    Minha esposa saiu primeiro, com pressa, tinha seus compromissos, eu, saí logo em seguida.

    Subi na motocicleta, pronto para partir, até que percebi que havia deixado meu celular no quarto.

    Desci da moto com pressa, abri a porta, entrei na casa, enquanto comecei a subir as escadas para o quarto rapidamente, não queria me atrasar.

    Entretanto,no meio do caminho, senti uma inevitável vontade de espirrar. Instintivamente, deixei o espirro sair, forte e repentino.

    No momento em que espirrei, senti algo inesperado acontecer. Então tudo mudou…

    Coluna Vertebral

    “Turbulência”

    Frações de segundos e dias parado

    Uma dor tomou conta da minha coluna em frações de segundos. Minhas pernas fraquejaram, caí de joelhos no final da escada, sem forças para levantar-me.

    Senti minha coluna travar, e a dor era muito grande. Jamais havia sentido algo assim.

    Só para ilustrar, cada tentativa de movimento, parecia que alguém me apunhalava com uma faca eletrificada nas minhas costas…

    Até mesmo respirar doía. Com extrema dificuldade, consegui engatinhar até a cama, e o simples ato de me deitar se tornou uma odisseia. Não conseguia acreditar que aquilo tudo estava acontecendo, por causa de um simples espirro.

    E então me dei conta: eu estava completamente imobilizado, incapaz de encontrar qualquer posição de conforto.

    Naquele dia, todos os meus planos se desfizeram. A agenda, já era. No entanto, o fisioterapeuta dedicado aos tratamentos da coluna, tornou-se paciente.

    A dor que eu tanto ajudava a aliviar nos outros, agora era minha companheira indesejada.

    Naquele dia, eu aprendi na pele o significado de ter a coluna travada, e por causa de um único espirro, uma manhã comum se transformou em dias bem desafiadores.

    Um freio de emergência emperrado.

    “A presa fácil…”

    A coluna vertebral é uma verdadeira uma obra-prima da engenharia da natureza, uma estrutura que combina força, mobilidade, flexibilidade e proteção.

    Ela nos mantém eretos, permite que nos movamos com agilidade e protege a medula espinhal, que é a principal via de comunicação entre o cérebro e o corpo.

    Porém, mesmo uma estrutura tão robusta e bem projetada pode, em certos momentos, manifestar sinais de sobrecarga.

    Por mais desagradável que seja, o travamento da coluna, também é um mecanismo de defesa do corpo.

    Embora essa proteção seja bem dolorosa. Esse bloqueio súbito dos movimentos é uma forma de limitar danos maiores, evitando que a situação se agrave.

    É como se a coluna, decidisse puxar algum tipo de freio de emergência.

    Ao travar, ela impede que você continue a exercer pressão sobre uma área vulnerável, forçando uma pausa para que o corpo possa se recuperar.

    O Inconveniente disso é que causa uma dor lancinante e com incapacidade associada, adiando qualquer programação.

    Eu sabia que não deveria ficar restrito a cama. Procurei me movimentar devagar, mas estava complicado…

    Enquanto tentava dar alguns passos para testar os movimentos … mais facada nas costas. Incrível, como doíam.

    Girar o tronco ou tentar inclinar o corpo na pia para lavar o rosto, nem pensar. E para trocar de roupa? Que situação complicada.

    Lembro até hoje de uma pergunta que me veio na cabeça: E se eu precisasse correr para sobreviver agora? Sem Chance! Eu havia me tornado uma “presa fácil”.

    Espasmo Muscular.

    Vilão ou Protetor da coluna?

    Espasmo muscular é uma contração extremamente forte e dolorosa e ocorre de forma involuntária. Você não tem controle algum sobre ele.

    Na coluna vertebral é o espasmo que desempenha um papel crucial nos episódios de dor e travamento de coluna, isto é para o bem e para mal.

    O mal dos espasmos musculares, é que eles criam essa sensação de rigidez extrema, limitam severamente os movimentos e causam muita dor.

    Os músculos da coluna se contraem de forma tão poderosa, que é como se você estivesse com o punho cerrado, com sua máxima força, e fosse incapaz de relaxar.

    O corpo entra em um ciclo do tipo “dor – espasmo – mais dor – mais espasmo.

    É limitante, muito doloroso e desesperador.

    Mas os espasmos, também são um dos mecanismos que o corpo utiliza para proteger a coluna de movimentos que possam piorar uma lesão já existente.

    Não sei dizer se esses espasmos são proporcionais a carga, velocidade ou trauma.

    Já tive pacientes que relataram sentirem espasmos na coluna ao fazer um esforço grande, como carregar um objeto pesado, e continuarem completamente funcionais.

    Outros pacientes, sem problemas sérios precedentes, sentiram espasmos e ficaram acamados por dois ou três dias por simplesmente pegarem uma chave que havia caída no solo.

    Parece não haver uma regra quanto essa “programação” e cada pessoa responde de uma forma diferente.

    Apesar disso, por incrível que pareça, esses espasmos tem um papel importante a cumprir na proteção da coluna.

    Tempo e duração da dor na coluna.

    “A Turbulência passa”.

    Qualquer pessoa em meu lugar teria ligado para a ambulância. E com razão, pois com a dor e a incapacidade presente, assusta qualquer um, mesmo conhecendo o problema.

    Quando se chega ao ponto de torcer para a bexiga não encher, para que você não tenha que levantar da cadeira ou cama e ir ao banheiro, é porque a coisa está feia.

    A literatura científica, disponibiliza uma grande variedade de Guide Lines em diversos países que oferecem as melhores recomendações para clínicos e pacientes.

    De acordo com os estudos, a dor lombar aguda é uma das maiores causas de incapacidade e busca dos pacientes por assistência médica no mundo.

    Mas, apesar do problema causar incapacidade e muita dor, também tem prognóstico muito favorável. O que significa que os pacientes se recuperam muito bem desses travamentos.

    Segundo os estudos, o tempo de duração da dor fica entre 4 a 6 semanas e 70% a 80% dos pacientes melhoram com ou sem intervenção clínica. (Isto é, sem fazer nada)

    Assim sendo, apenas 5% desses pacientes manifestam a persistência dos sintomas.

    Apesar de cada país seguir seu próprio Guide Line as recomendações mais alinhadas para os “cuidados de primeira linha” de dor lombar aguda são:

    Orientar do paciente sobre o problema e informar sobre seu prognóstico favorável de melhora, aconselhamento para permanecer ativo na vida diária, e, se necessário, medicação para dor.

    Isso significa que se você entrar num quadro doloroso como o meu, por mais assustador que pareça a situação, não se desespere!

    E o que posso fazer?

    Medidas para aliviar a dor e desconforto da coluna

    Conforme escrito acima, se você estiver no Polo Norte, sem assistência médica alguma e a sua coluna travar, as chances de você melhorar sozinho varia de 70 a 80%, em no máximo 6 semanas.

    Evite ficar acamado. Mantenha-se ativo dentro do possível, não entregue os pontos, mas também respeite o corpo, e se possível, tire um ou dois dias de folga.

    Bolsa de água quente, ajuda a relaxar os músculos da coluna e promovem um enorme conforto. Utilize por 20 minutos, várias vezes ao dia.

    A Fisioterapia com um profissional especializado em coluna ajuda a acelerar a recuperação e os estudos mostram isso.

    Medicamentos anti-inflamatórios e relaxantes musculares sob prescrição médica ajudam a passar pela turbulência com mais conforto e os estudos também mostram isso.

    Cinto! É agora que apanho. Nenhum estudo científico de qualidade recomenda o uso do cinto como medida terapêutica para dor lombar aguda. Porém…

    Particularmente, penso que ele não é tão inútil assim. Mas essa é minha opinião!

    Uma coisa é usar o cinto de forma estratégica durante no máximo um ou dois dias no pior momento dos sintomas.

    O cinto promove uma maior estabilidade da coluna, pois, dá mais segurança ao paciente para se locomover, e ajuda a não levar tantas “facadas” nas costas.

    Infelizmente algumas pessoas tornam-se dependentes do uso, e certamente sua ineficácia longo prazo, é certa, associada com piora do quadro clínico.

    Use os quadris, não a coluna. Ainda que com dor, o lado positivo de estar com a coluna travada é que ela te obriga a usar as dobras do corpo.

    Você aprenderá na prática a como fazer bom uso das dobras do tornozelo, joelho e quadril. Pois, as articulações ajudam a coluna se movimentar bem melhor.

    O que não fazer

    Acredite, você pode piorar a dor da coluna

    1- Alongamento. Esse é um dos piores erros se não o pior. Tentar alongar os músculos das costas com a finalidade de aliviar a dor em uma lombalgia aguda é um convite ao sofrimento desnecessário.

    Jamais tente alongar a coluna, levar as mãos na direção dos pés para alongar, nem pensar.

    2- Forçar a coluna para destravar. É natural que você queira procurar um profissional renomado para te restaurar a função. No entanto, é preciso cuidado.

    Há inúmeros profissionais, vídeos, mostrando o terapeuta fazendo o “Crack” na coluna vertebral e a pessoa saindo zerada, como se não tivesse mais dor.

    Lembre-se que o travamento da coluna é um mecanismo de autoproteção e se resolve por conta própria na maioria dos casos.

    Você não precisa esperar as 6 semanas para melhorar sozinho, mas antes de submeter seu corpo e sua saúde a outras “mãos”, seja paciente!

    Se você não tem manifestações de formigamentos nas pernas, ou com as bandeiras vermelhas, descritas abaixo, aguarde pelo menos uns dois dias, antes de procurar qualquer assistência.

    Esse tempo é suficiente para você já detectar a redução dos sintomas. Pois, se nesse tempo os sintomas estiverem diminuindo, é um bom sinal.

    3- Repouso absoluto. Inúmeros estudos mostram que pacientes que se mantem ativos dentro de suas possibilidades se recuperam mais rápidos.

    Então não há desculpa para ficar acamado. Como escrevi acima, não entregue os pontos!

    4- Se entupir de medicamentos para tentar aliviar a dor. Além de não ajudar muito. Mesmo que com dor e seu estomago agradece se você não tomar. Faça uso de medicamentos apenas sob prescrição médica.

    Bandeiras vermelhas

    Sinais de alerta

    Quando a coluna trava, é essencial ficar atento a alguns sinais de alerta, conhecidos principalmente como “bandeiras vermelhas”.

    Esses sinais, podem indicar problemas mais graves na coluna vertebral e portanto incluem:

    Dor intensa e persistente que não melhora com repouso ou medicamentos, além disso:

    Perda de peso significativa sem explicação.

    Fraqueza ou dormência nas pernas, o membro fica anestesiado.

    Perda de controle da bexiga ou intestino.

    Febre acompanhada de dor nas costas.

    Esses sintomas podem sugerir condições sérias, bem como, infecção, tumor ou compressão nervosa grave, e exigem atenção médica imediata.

    Ignorar essas bandeiras vermelhas pode ter consequências sérias para a sua saúde.

    Condições graves não tratadas podem levar a complicações permanentes, principalmente, com danos nos nervos ou dificuldades de movimento.

    Portanto, se você notar qualquer um desses sintomas, é fundamental procurar atendimento médico de emergência para uma avaliação mais completa.

    Um Olhar Holístico para a Saúde da Coluna

    Não é somente a estrutura da coluna

    Compreender as causas dos travamentos da coluna é fundamental para prevenir e tratar esses episódios de forma eficaz.

    Alterações estruturais, como protusão discal, hérnia de disco e estenose do canal vertebral, desempenham um papel significativo, mas é importante não as ver de forma isolada.

    É preciso considerar não apenas as estruturas da coluna, mas também fatores como postura, nível de atividade física e saúde emocional.

    Cada um desses aspectos contribui ou não, para o bem-estar da sua coluna e, portanto, deve ser levado em consideração.

    A fisioterapia é uma ferramenta poderosa para lidar com esses problemas. Enquanto oferece grande alívio na dor e ensina ao paciente, estratégias de prevenção a longo prazo.

    Com a orientação de um fisioterapeuta, você pode aprender exercícios específicos e técnicas de movimentação que ajudarão a fortalecer sua coluna e a mantê-la saudável.

    Cuidar da sua coluna envolve um olhar abrangente, onde cada parte do seu estilo de vida conta.

    É Possível Prevenir?

    Não custa tentar

    Ninguém está livre de um travamento na coluna vertebral, pois para travá-la, basta ter uma.

    No entanto, há sim alguns fatores que contribuem para o enfraquecimento da coluna vertebral, como sobrepeso, sedentarismo, problemas emocionais, ocupacionais, posturais, estresse entre outros.

    Se eu tivesse que dar duas dicas para tentar prevenir esse tipo problema eu arriscaria dizer: mantenha o CORE forte e bem desenvolvido.

    O CORE é um grupo de músculos que ajudam a dar uma excelente estabilidade para a coluna vertebral.

    Manter esses músculos “sempre prontos e em condições de”, com o intuito de mantê-los ativos, ajudam a pessoa a reduzir as chances de travar a coluna.

    Segunda dica é conheça seu corpo e explore ao máximo da sua biomecânica, principalmente quando for levantar cargas pesadas.

    Em nossa clínica essas duas dicas funcionam quase que como um mantra para os nossos pacientes.

    Saber como usar corretamente o corpo durante os esforços já é um grande passo para não sobrecarregar a coluna.

    “O Retorno ao Céu de Brigadeiro”

    Volta a Calmaria

    Em resumo, após dois dias do início do travamento da coluna, eu já me encontrava trabalhando novamente. Embora, com algumas limitações é claro. Mas funcional!

    A dor de nível 10 de intensidade no primeiro dia, reduziu para 4 no terceiro dia, e ficou em nível 2 por mais umas 4 semanas, até desaparecer por completo.

    Aliás, um dos sinais de que sua coluna está se recuperando bem é a redução gradual da dor e a recuperação da funcionalidade.

    Você não leva mais as facadas nas costas, e se sente mais livre para mover-se e fazer algumas atividades.

    O que eu fiz para melhorar tão rápido? Qual foi o segredo?

    Para não dizer que não fiz nada, eu usei bolsas de água quente. E só, nada mais! Nem medicamentos, fisioterapia, ou qualquer outra abordagem.

    No entanto, eu queria testar a ciência e ver se realmente aquilo que estava escrito, publicado e que eu prescrevia para os meus pacientes estava certo, e funcionava.

    E a ciência estava certa. Como consegui me autoavaliar e ver que não havia nada a mais do que o espasmo doloroso na coluna, apenas a paciência foi necessária.

    Para mim foi uma “ótima” experiencia. Pois, me colocar no lugar dos pacientes serviu para entender melhor seus problemas, e como ajudá-los nesses casos.

    É claro que nem sempre os casos são “simples”, e a busca por um profissional não deve ser descartada.

    Curiosidades: A Frase Céu de Brigadeiro, é uma frase utilizada por pilotos de avião para indicar que o céu está limpo, sem nuvens, ausência de turbulências, ou seja, as condições mais favoráveis a um voo calmo e tranquilo.

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    Referencias:

    Effectiveness of treatments for acute and subacute mechanical non-specific low back pain: a systematic review with network meta-analysis

    Effects of exercise therapy in patients with acute low back pain: a systematic review of systematic reviews.

    Artigo escrito por:

    Dr.Douglas Santos

    Fisioterapeuta