Tag: Escoliose

  • Colete para Escoliose, Funciona?

    Colete para Escoliose, Funciona?

    Tempo de leitura: 14 minutos

    Colete para Escoliose

    Em 2013, um grupo de pesquisadores conduziu um estudo com 242 adolescentes que apresentavam escoliose moderada. Todos tinham curvas entre 25 e 50 graus de ângulo de Cobb e maturação esquelética incompleta. Os pesquisadores dividiram os participantes em dois grupos: um grupo utilizou o colete para escoliose por 18 horas diárias, enquanto o outro foi apenas observado, sem intervenção.

    Os pesquisadores interromperam o estudo precocemente devido à eficácia comprovada do colete. Os resultados mostraram que 72% dos adolescentes que usaram o colete melhoraram significativamente, em comparação com 48% dos que apenas monitoraram.

    A diferença entre os grupos foi tão expressiva que os pesquisadores concluíram que não seria ético continuar o estudo, visto que o uso do colete demonstrava resultados muito superiores à simples observação.

    Outro ponto importante observado foi a relação direta entre o número de horas de uso diário do colete e os benefícios obtidos. Ou seja, quanto mais horas o paciente utiliza o colete, maior é a chance de sucesso no tratamento.

    Portanto, para escolioses moderadas, o colete funciona de forma eficaz. Ele é uma ferramenta valiosa para corrigir curvas e prevenir a progressão da escoliose.

    O que é o colete para escoliose?

    O colete para escoliose é um dispositivo ortopédico personalizado, fabricado com materiais termoplásticos, utilizado para controlar a curvatura da coluna vertebral em pessoas com escoliose. Essa condição caracteriza-se por uma curvatura anormal da coluna, geralmente em formato de “S” ou “C”, e ocorre com maior frequência durante a adolescência, especialmente na fase de crescimento acelerado.

    A principal função do colete é exercer pressão específica em áreas estratégicas da coluna, ajudando a minimizar ou estabilizar a curvatura e evitar sua progressão.

    Quando indicam o colete ?

    O tratamento com o colete é uma abordagem não cirúrgica, indicada principalmente para crianças e adolescentes em fase de crescimento. Em muitos casos, o uso correto pode prevenir o agravamento da escoliose e reduzir a necessidade de intervenções cirúrgicas no futuro. O ortesista faz o dispositivo sob medida, adaptado à anatomia e à localização da curva de cada paciente, o que melhora o conforto e a eficácia do tratamento.

    Como funciona o tratamento?

    A eficácia do colete depende da disciplina do paciente em usá-lo pelo tempo diário recomendado, conforme orientação médica. Uma equipe multidisciplinar composta por um ortesista, um médico e um fisioterapeuta realiza o acompanhamento. Esses profissionais monitoram a evolução do tratamento e ajustam o dispositivo conforme necessário.

    Benefícios do uso do colete

    O uso adequado do colete contribui para uma postura mais alinhada, ajuda a evitar complicações futuras e em muitos casos evita a cirurgia na coluna. A dedicação ao tratamento desempenha um papel essencial para alcançar os melhores resultados e prevenir o avanço da curvatura da coluna.

    Tipos de colete para escoliose

    Existem diversos tipos de coletes para escoliose, cada um projetado para atender diferentes necessidades e corrigir variações específicas nas curvas da coluna. Conhecer as características de cada modelo ajuda a determinar o mais adequado para cada caso.

    Milwaukee

    O colete Milwaukee é um dos primeiros modelos desenvolvidos para o tratamento da escoliose. Os médicos indicam este colete principalmente para curvas localizadas na parte superior da coluna vertebral. Este dispositivo possui uma estrutura que vai do pescoço até a pelve, oferecendo um suporte extenso e eficaz. Contudo, sua aparência menos discreta e conforto limitado podem dificultar a adesão ao uso.

    Boston

    Os Ortesistas utilizam o colete Boston amplamente para corrigir curvas localizadas na região lombar e torácica. Ele cobre a parte inferior do tronco, garantindo maior conforto e aceitação estética, especialmente entre adolescentes. O ortesista fabrica o colete de Boston em plástico, tornando-o discreto e permitindo que o paciente o use sob a roupa, o que o torna uma opção popular.

    Charleston

    Originalmente projetado para ser utilizado apenas durante o sono, o colete Charleston evoluiu e hoje também pode ser usado de forma integral. Os profissionais indicam esse modelo para curvas específicas e destacam como vantagem a flexibilidade de uso, que se adapta às necessidades do paciente.

    3D Rigo Cheneau

    O colete 3D Rigo Cheneau é uma opção moderna e altamente personalizável. Fabricado por poucos profissionais no Brasil. Ele se ajusta perfeitamente à anatomia da coluna do paciente, promovendo correção em múltiplos planos. Além disso, o design ergonômico garante maior conforto durante o uso. Este modelo é ideal para casos mais específicos e oferece um ajuste dinâmico e eficaz.

    Para quem o médico indica o colete para escoliose??

    O colete para escoliose é uma solução eficaz para estabilizar ou corrigir a curvatura da coluna vertebral, especialmente durante as fases de crescimento. No entanto, sua indicação depende de fatores específicos, como idade, grau da curva e estágio de maturidade esquelética do paciente.

    Crianças e adolescentes

    Colete para Escoliose

    Médicos recomendam o colete principalmente para crianças e adolescentes com curvas significativas na coluna e que ainda estão em fase de crescimento. Este grupo se beneficia mais do tratamento, pois o dispositivo pode impedir a progressão da curva enquanto o corpo ainda está em desenvolvimento.

    A literatura indica para curvas entre 25 e 45 graus de ângulo de Cobb. Em casos de curvas menores, o acompanhamento regular pode ser suficiente, enquanto curvas mais graves podem exigir intervenção cirúrgica. Além disso, o uso correto do colete contribui para melhorar a postura e prevenir complicações futuras.

    Pacientes adultos

    Embora seja menos comum, o colete também pode ser indicado para adultos, mas com objetivos diferentes. Profissionais de saúde utilizam o colete em pacientes mais velhos principalmente para fornecer suporte adicional e aliviar dores relacionadas à escoliose. A correção estrutural significativa, no entanto, é menos esperada nesta fase da vida.

    Adultos podem usar o colete em situações específicas, como durante atividades que exigem esforço extra da coluna. Ele também pode ser indicado para pacientes com contraindicações à cirurgia, funcionando como uma alternativa paliativa. Nesses casos, o uso é geralmente limitado a um máximo de 6 horas por dia, para garantir conforto e evitar efeitos colaterais indesejados.

    Importância do acompanhamento

    Independentemente da idade, a indicação do colete deve ser feita por uma equipe especializada, composta por ortopedistas, fisioterapeutas e ortesistas. O acompanhamento regular é essencial para ajustar o tratamento conforme necessário e garantir a eficácia do dispositivo.

    Como saber se o colete está funcionando?

    Utilizar um colete bem ajustado e sob medida é essencial para o sucesso do tratamento da escoliose. Entretanto, usar um dispositivo inadequado pode gerar desconforto, custos desnecessários e, ainda pior, a ineficácia no controle da curva. Para evitar essas situações, é fundamental que o colete seja avaliado por uma equipe multidisciplinar, composta por médico, ortesista e fisioterapeuta.

    Embora médicos e fisioterapeutas não fabriquem órteses, eles têm o conhecimento necessário para verificar se o aparelho está desempenhando sua função corretamente. Essa avaliação em conjunto oferece segurança ao paciente, garantindo que o colete escolhido esteja realmente funcionando.

    Acompanhamento com exames de imagem

    Além da análise clínica, exames de imagem, como radiografias, são ferramentas indispensáveis para monitorar a evolução do tratamento. Os profissionais as solicitam periodicamente, tanto com o paciente usando o colete quanto sem ele. Essa comparação ajuda a determinar se o dispositivo está estabilizando ou corrigindo a curvatura da coluna.

    Mudanças na postura

    Outro indicador importante é a melhoria no alinhamento postural do paciente. Embora essas mudanças possam ser sutis no início do tratamento, são sinais encorajadores de que o colete está desempenhando seu papel. Consultas regulares e o acompanhamento médico são fundamentais para identificar essas alterações e realizar ajustes no dispositivo, caso necessário.

    Tempo ideal de uso do colete

    O tempo recomendado de uso do colete varia conforme a gravidade da escoliose, a idade do paciente e as orientações médicas. Estudos sugerem que ele seja utilizado entre 18 e 23 horas por dia, sendo retirado apenas para higiene pessoal e, em alguns casos, para a prática de atividades físicas supervisionadas.

    Esse regime exige disciplina, mas é crucial para o sucesso do tratamento. Estudos demonstram que quanto maior o número de horas de uso diário, maior a eficácia do colete na estabilização e correção da curva.

    Uso noturno: uma abordagem promissora

    Um estudo recente investigou o uso do colete apenas durante o período noturno e obteve resultados promissores. Entre os 45 pacientes avaliados, 76% apresentaram sucesso no tratamento. Embora a amostra seja pequena, essa abordagem pode ser uma alternativa para pacientes que enfrentam dificuldades com o uso prolongado do colete.

    Seguir rigorosamente as orientações médicas e comparecer às consultas regulares são passos indispensáveis para o sucesso do tratamento. Com comprometimento e acompanhamento adequado, o colete pode trazer benefícios significativos para a saúde e a qualidade de vida do paciente.

    Qual é o melhor colete para escoliose?

    O melhor colete para escoliose é aquele que atende às necessidades específicas do paciente, levando em consideração a tridimensionalidade da escoliose e as direções corretas de correção. É fundamental que o colete não interfira na respiração do paciente. Por exemplo, não adianta corrigir a curvatura da coluna se o colete está prejudicando a funcionalidade do paciente.

    A escolha do colete deve considerar vários fatores, como a rigidez ou flexibilidade da curvatura, a idade do paciente, para garantir os melhores resultados possíveis, ao mesmo tempo em que minimiza o impacto na rotina do paciente. Para isso, é importante contar com a orientação de uma equipe multidisciplinar, incluindo ortopedista, fisioterapeuta e ortesista, para determinar o colete mais adequado.

    Cuidados ao usar o colete para escoliose

    O uso do colete para escoliose exige cuidados especiais para evitar desconforto e garantir sua eficácia. Manter o colete sempre limpo e seco é essencial para prevenir o acúmulo de suor, que pode causar irritações na pele. Uma boa prática é usar uma camiseta de algodão por baixo do colete, o que ajuda a proteger a pele e reduzir o atrito.

    Durante o uso do colete, trabalhe o corpo fugindo dos pontos de pressão do colete. Não use o colete como apoio. Um trabalho ativo do corpo dentro do colete é fundamental.

    O ajuste correto do colete também é crucial. O colete deve estar firme, mas sem causar dor ou dificuldade para respirar. Com o tempo, à medida que o corpo do paciente muda, o ortopedista pode precisar revisar o ajuste do colete para garantir que ele continue eficaz.

    Procure colocar o colete sempre na posição deitada. Isso facilita a colocação e o ajuste de pressão pelas presilhas.

    Além disso, é fundamental que o paciente não retire o colete sem orientação médica, pois o uso regular e contínuo é necessário para o sucesso do tratamento. Em casos em que o paciente cresceu mais de 5 centímetros durante o tratamento e ainda tem previsão de continuar crescendo, é extremamente importante revisar ou até mesmo substituir o colete para garantir a eficácia do tratamento.

    Colete para Escoliose e Atividade Física

    A prática de atividade física é altamente benéfica para pacientes que utilizam o colete para escoliose. Exercícios como natação, Pilates e outras atividades ajudam a fortalecer a musculatura ao redor da coluna, promovendo estabilidade e complementando o efeito do colete. Contudo, é essencial que essas atividades sejam supervisionadas por um profissional de saúde para evitar movimentos que possam prejudicar o alinhamento da coluna.

    A pratica esportiva deve ser incentivada. Não há evidências de que o esporte, mesmo os assimétricos como tênis ou handebol, piorem a escoliose.

    É importante que o colete seja retirado durante os exercícios físicos, permitindo maior liberdade de movimento e garantindo que o paciente consiga realizar os movimentos de forma adequada. A prática regular de atividades físicas contribui para uma reabilitação mais eficiente, ajudando o corpo a se tornar mais equilibrado, forte e resistente. Além disso, a combinação do colete com a atividade física pode resultar em uma melhoria significativa na qualidade de vida do paciente.

    Quanto custa um colete?

    O preço de um colete para escoliose pode variar bastante. O custo depende de fatores como a marca, o tipo de colete, e principalmente a experiência do ortesista. Além disso, a tecnologia utilizada na confecção do colete também influencia o preço. Atualmente, há modelos sendo feitos até mesmo com impressoras 3D, o que pode influenciar o custo.

    Em média, o valor dos coletes varia entre R$ 3.000 e R$ 7.000, mas o preço pode ser ainda mais elevado dependendo de outros fatores, como a cidade em que o colete é confeccionado. Cidades com custo de vida mais alto tendem a apresentar preços mais elevados.

    É importante correlacionar o preço do colete com a experiência do ortesista e a distância de confecção. Embora haja pacientes que utilizem uma única órtese durante todo o tratamento, existem aqueles que precisam trocar de colete mais de uma vez. Em quaisquer situação, a experiência do ortesista deve ser priorizada, pois a qualidade do trabalho é essencial para garantir que o colete atenda às necessidades do paciente.

    Colete Boston vs. 3D Rigo Cheneau

    Um estudo comparativo entre os coletes Boston e 3D Rigo Cheneau demonstrou que ambos são eficazes para minimizar e impedir a progressão da escoliose em adolescentes. No entanto, o colete 3D Rigo Cheneau se mostrou mais eficaz, apresentando melhores resultados no controle da curvatura.

    Quando Retirar o Colete?

    A retirada do colete para escoliose deve ser uma decisão tomada pela equipe de tratamento, considerando o estágio de maturidade esquelética do paciente. Isso significa que a retirada ocorre quando o crescimento ósseo é concluído e a curva da coluna está estabilizada. Esse é um momento importante na jornada do paciente, indicando o fim da fase intensiva de correção com o colete.

    Atualmente, existe um debate sobre a melhor abordagem para a retirada do colete: gradual ou imediata. Os profissionais recomendam a retirada gradual para permitir que o corpo se adapte aos novos padrões posturais sem perder os ganhos de correção. No entanto, um estudo recente comparou pacientes que realizaram a retirada gradual com aqueles que a fizeram imediatamente e não encontrou diferença estatisticamente significativa entre os dois grupos. Isso sugere que, para muitos pacientes, a retirada imediata pode ser igualmente eficaz.

    O estudo é relevante, pois ajuda os clínicos a tomar decisões mais informadas sobre o desmame da órtese, equilibrando as necessidades do paciente com a evidência científica disponível.

    A retirada do colete marca uma conquista significativa para o paciente, refletindo seu comprometimento com o tratamento e simbolizando o início de uma nova fase em sua recuperação.

    Por que Mesmo com o Colete Minha Escoliose Piorou?

    A escoliose é uma condição complexa, e ainda há muitas perguntas sem resposta sobre porque algumas curvas não respondem aos tratamentos conservadores. Em muitos casos, seria fácil culpar a órtese ou questionar a qualidade do colete, ou até mesmo atribuir a culpa à fisioterapia. No entanto, a realidade é mais complexa.

    Infelizmente, existem casos em que o paciente segue corretamente todas as orientações: detecta a condição precocemente, recebe o melhor tratamento fisioterapêutico, utiliza o colete de forma disciplinada e ainda assim a escoliose evolui. Esses casos são conhecidos como escolioses caóticas, nas quais o tratamento conservador não é eficaz, e a única opção para interromper a progressão é a cirurgia. Essa condição ocorre por razões que ainda não são totalmente compreendidas, mas que fazem parte da complexidade dessa doença.

    Artigo escrito por:

    Dr.Douglas Santos

    Fisioterapeuta

    Referencias bibliográficas:

    Effects of Bracing in Adolescents with Idiopathic Scoliosis | New England Journal of Medicine

    A comparison between Boston brace and European braces in the treatment of adolescent idiopathic scoliosis (AIS) patients: a systematic review based on the standardised Scoliosis Research Society (SRS) inclusion criteria for brace treatment

    Nighttime Bracing or Exercise in Moderate-Grade Adolescent Idiopathic Scoliosis. A Randomized Clinical Trial

    Immediate vs Gradual Brace Weaning Protocols in Adolescent Idiopathic Scoliosis.  Randomized Clinical Trial

  • Método Schroth

    Método Schroth

    Tempo de leitura: 4 minutos

    — Olá, Douglas! Eu sou a Ana, mãe do Lucas, de 14 anos. Recentemente descobrimos que ele tem escoliose, e confesso que estamos bem preocupados. Ouvi falar sobre Método Schroth, mas sei pouco sobre ele. Poderia me explicar mais?

    — Claro, Ana, entendo a preocupação. Escoliose em jovens pode assustar no começo, mas, com uma abordagem adequada, conseguimos trabalhar para estabilizar e até melhorar algumas curvas. O método Schroth é um dos recursos que usamos aqui na clínica, para o paciente com escoliose.

    A Origem do Método Schroth

    — Interessante! Mas de onde vem esse método? Por que ele se chama Schroth?

    — Ótima pergunta! Katharina Schroth, nascida em 22 de fevereiro de 1894 em Dresden, Alemanha, sofria de uma escoliose moderada e passou por tratamento com um suporte de aço aos 16 anos antes de decidir desenvolver uma abordagem mais funcional de tratamento para si mesma (1910).

    Inspirada por um balão, ela tentou corrigir respirando para afastar as deformidades de seu próprio tronco inflando as concavidades de seu corpo seletivamente na frente de um espelho. Ela também tentou “espelhar” a deformidade, corrigindo excessivamente com a ajuda de certos movimentos corretivos específicos de padrão. Além disso, ela reconheceu que o controle postural só pode ser alcançado mudando a percepção postural.

    Katharina Schroth começou sua vida profissional como professora em uma escola de negócios e idiomas, no entanto, ela decidiu deixar esse campo e passar por um treinamento em uma escola de ginástica para poder tratar pacientes ela mesma.

    A partir de 1921, essa nova forma de tratamento com correção postural específica, correção da respiração e correção da percepção postural foi realizada com tempos de reabilitação de três a às vezes seis meses em seu próprio pequeno instituto em Meissen.

    — Nossa! Ela própria sofria com isso, então? E como o método ajuda na prática?

    Como Funciona o Método Schroth

    — Sim, Katharina sabia na pele o que era lidar com escoliose, o que a motivou muito a aprimorar o método. O foco do Schroth está em exercícios específicos que visam a correção tridimensional da coluna. Esses exercícios são direcionados para estabilizar a escoliose, reduzindo a rotação e a curvatura da coluna, fortalecendo a musculatura postural.

    — Faz sentido! Então, pelo que entendi, o Schroth é como uma “fisioterapia especial” para a coluna, correto?

    — Isso mesmo. E o método Schroth é um dos exercícios específicos para escoliose, conhecidos como PSSEs (Exercícios Específicos Fisioterapêuticos para a Escoliose). Esse grupo inclui técnicas voltadas exclusivamente para o tratamento não cirúrgico da escoliose, e é um dos mais antigos e pesquisados mundialmente. Eu trabalho com o método aqui em Foz do Iguaçu-PR, desde 2018, sempre buscando aprofundar o conhecimento e oferecer uma abordagem realmente eficaz. E posso afirmar que de todos os PSSEs que já observei e testei, o método Schroth foi o que mais ofereceu resultados significativos para os pacientes com escoliose.

    Os Benefícios do Método Schroth

    — E quais benefícios o método traz para quem tem escoliose?

    — O método tem como objetivo principal estabilizar e, em alguns casos, corrigir parcialmente a curva, além de aliviar dores. Para crianças e adolescentes, pode ajudar a prevenir que a curvatura progrida ao longo do crescimento. Além disso, como o método foca muito na conscientização corporal, ele melhora a postura e ajuda o paciente a entender melhor seu próprio corpo. Lucas, por exemplo, poderia aprender a evitar movimentos ou posturas que agravem a curva.

    — Entendi. Isso parece algo bem positivo, especialmente porque o Lucas está numa fase de crescimento rápido. E como ele lidaria com o Schroth? Seria difícil para ele?

    — No começo, alguns exercícios podem parecer desafiadores, mas com o tempo, eles se tornam parte da rotina. À medida que o paciente vai dominando seus exercícios ele passa a fazê-los em sua casa com uma rotina contínua até o final de seu tratamento. O importante é que o método se adapta a cada caso; cada paciente, cada paciente tem um tratamento personalizado. Trabalhamos na correção tridimensional da coluna, respiração e nos padrões de ativação muscular específicos, então tudo é muito direcionado e individualizado.

    Nosso Compromisso com o Tratamento da Escoliose

    — Gostei muito de saber que o tratamento é personalizado. Dá para ver que vocês realmente se preocupam com cada paciente.

    — Exatamente, Ana. Na nossa clínica, temos esse compromisso de oferecer o melhor no tratamento da escoliose. Além do método Schroth, que é uma abordagem muito bem fundamentada e com resultados sólidos, seguimos pesquisando e aperfeiçoando nossa prática para sempre oferecer o melhor. Trabalhar com escoliose exige conhecimento técnico, mas também empatia para entender as preocupações dos pacientes e famílias, como você.

    — Douglas, muito obrigada por toda a explicação. Acho que já me sinto muito mais tranquila sabendo que o Lucas pode contar com um método tão bem estudado e com profissionais tão dedicados.

    — É um prazer, Ana! Conte conosco para o que precisar. Vamos cuidar do Lucas e, juntos, trabalharemos para que ele tenha o melhor resultado possível.

  • Escoliose : O Valor da Privacidade no Tratamento

    Escoliose : O Valor da Privacidade no Tratamento

    Tempo de Leitura: 6 minutos

    Os pais de Lucas, um adolescente que recentemente começou o tratamento de escoliose, chegaram à clínica para uma conversa. Após os cumprimentos iniciais, a mãe de Lucas, visivelmente preocupada, levantou uma questão que já vinha intrigando os dois há algum tempo.

    Mãe de Lucas: “A gente tem visto nas redes sociais de outros fisioterapeutas várias fotos de antes e depois dos pacientes. Ficamos até animados com a ideia, pois há resultados impressionantes na internet, mas percebi que você não posta esse tipo de foto. Gostaríamos de entender o porquê. Existe algum motivo específico?”

    Respiro fundo, entendendo a preocupação dos pais, e peço para se sentarem, pois, a explicação será séria.

    Escoliose

    Entendendo a Escoliose: Cada Paciente é Único

    “Claro, eu entendo a curiosidade de vocês, e fico feliz que tenham trazido essa questão. Essa é uma pergunta comum, e é importante falar sobre isso, porque realmente faz toda a diferença na forma como eu trabalho com os pacientes com escoliose. Então, vamos por partes…”

    Os pais assentiram, atentos e curiosos.

    “Primeiro, vamos entender um pouco mais sobre a escoliose em si. Escoliose é uma condição em que a coluna tem uma curvatura anormal, formando uma espécie de ‘S’ ou ‘C’ quando vista de trás. Essa condição pode ter várias causas, algumas genéticas, outras relacionadas a fatores do crescimento, hormonais e até questões neuromusculares. No caso de Lucas, por exemplo, a escoliose não surgiu por um único motivo e é impossível determinar a verdadeira causa de sua escoliose, por isso ela é chamada de idiopática. É uma condição de multicausalidade, ou seja, há uma combinação de fatores que influenciam no desenvolvimento da escoliose. Por isso, o tratamento também precisa ser adaptado e focado em atender as necessidades específicas dele.”

    Pai de Lucas: “Entendi. Então, a forma como a escoliose se apresenta em cada pessoa é única?”

    “Exatamente. Por isso, os resultados de um paciente não refletem o mesmo resultado para outro. Mesmo que possuam a mesma idade, a coluna vertebral com as mesmas características, curvas, ângulo de Cobb etc. Cada paciente desenvolve a condição e reage ao tratamento de maneira completamente diferente. Então, mostrar um ‘antes e depois’ nas redes sociais pode acabar criando uma expectativa irreal, como se o que funcionou para um paciente fosse funcionar para todos da mesma forma. E não é bem assim.”

    A mãe de Lucas pareceu refletir por um momento.

    Fotos para Controle Clínico: Um Registro Privado

    Mãe de Lucas: “É verdade, faz sentido. Às vezes, é fácil comparar e pensar que todos terão o mesmo progresso, mas cada pessoa é diferente. Mas a foto de antes e depois também não ajuda no controle do caso clínico?”

    “Sim, sem dúvida! As fotos de antes e depois são uma ótima ferramenta para a gente aqui na clínica, porque nos ajudam a acompanhar as mudanças e evoluções de cada paciente ao longo do tempo. Porém, essas fotos fazem parte do prontuário, ou seja, da documentação particular do tratamento do paciente. Elas não são destinadas ao público, mas sim ao controle clínico, de forma privada.”

    Radiografia da Escoliose: A Coluna Não Define o Paciente”

    Pai de Lucas: “Entendi. E quanto às radiografias? Elas mostram a gravidade da curvatura da coluna, não é?”

    Escoliose

    “Sim, a radiografia é um recurso fundamental para entendermos as características das curvas da coluna, a gravidade e o tipo da escoliose. Mas também é importante lembrar que a radiografia só mostra a estrutura da coluna, ou seja, ela não reflete o paciente como um todo. O Lucas, por exemplo, é muito mais do que aquela imagem da coluna. Ele é um adolescente cheio de sonhos, com uma personalidade própria, gostos e preferências, e com habilidades incríveis em determinadas atividades. A gente trabalha com o paciente, não só com a radiografia. É importante não resumir a condição dele apenas ao que aparece em um exame.”

    A mãe de Lucas sorriu, compreendendo o que eu quis dizer.

    Mãe de Lucas: “Nunca tínhamos pensado nisso assim, mas faz sentido. E quanto à questão de expor os pacientes na internet realmente, não me parece correto. Eu não gostaria de ver meu filho por aí, exibido como um troféu dessas clínicas.

    Respeito e Privacidade

     “Esse é um ponto muito importante para mim. Como profissional, hoje tenho um compromisso com a privacidade e o respeito dos pacientes. No passado, já postei fotos de antes e depois de alguns pacientes que me autorizaram, afinal é muito recompensador mostrar o resultado do trabalho com o paciente com escoliose, principalmente se o resultado é espetacular. mas vocês já viram as fotos de antes e depois dos casos que fracassaram no tratamento conservador? Nem precisam me responder…

    Mas hoje minha mentalidade é diferente. Eu acredito que cada pessoa merece ter a escolha de expor ou não sua imagem, especialmente em uma situação de saúde. Tratamos aqui de questões que podem ser sensíveis para alguns, e penso que, ao não compartilhar essas imagens publicamente, estou respeitando a privacidade e protegendo a imagem dos pacientes. Quero que eles se sintam seguros e acolhidos durante todo o processo de tratamento, não em um mostruário na internet”. Se o paciente quer compartilhar suas fotos, a decisão e ação é dele.

    Provas visuais surgem aos poucos

    Os pais de Lucas trocaram olhares, demonstrando compreensão e um certo alívio.

    Pai de Lucas: “Faz muito sentido. Acho que quando a gente está buscando um tratamento, às vezes quer ver provas visuais de que vai dar certo, mas pelo que você falou, isso é algo muito mais profundo, não é?”

    “Isso mesmo. Os resultados são visíveis no dia a dia, no bem-estar e nas habilidades que o Lucas vai desenvolvendo. Em determinados períodos outras radiografias serão tiradas e poderemos observar se o Lucas está ou não respondendo ao tratamento. Cada pequeno avanço é uma conquista, e o tratamento não se resume a uma foto de antes e depois. É uma jornada de cuidado, respeito e dedicação que as vezes dura a vida toda. Estou aqui para guiar o Lucas nesse caminho, e isso vai muito além do que qualquer imagem poderia mostrar.”

    Mãe de Lucas: “Muito obrigada pela sua explicação. Ficamos mais tranquilos e confiantes com sua abordagem. Sabemos que ele está em boas mãos.”

    “Agradeço muito pela confiança de vocês! Vamos continuar trabalhando para que o Lucas se sinta cada vez mais confortável e confiante em seu próprio corpo. Se tiverem outras dúvidas ao longo do processo, saibam que estou sempre à disposição para conversar e esclarecer o que for necessário.”

    Os pais de Lucas agradeceram novamente, e a conversa terminou com um sentimento de alívio e satisfação, entendendo que o caminho escolhido respeitava não apenas a condição de Lucas, mas também seu desenvolvimento e bem-estar emocional.