Destaque: Dados Essenciais
• 50% da população experimenta pelo menos um episódio de dor no ombro anualmente
• 30-70% das dores no ombro são causadas por lesões do manguito rotador
• 20% da população assintomática já apresenta rupturas parciais no supraespinhoso
• 43% das pessoas possuem acrômio curvo (configuração mais comum)
• 78,5% de associação entre lesões do supraespinhoso e tendão da cabeça longa do bíceps
• 67% de melhoria na dor com tratamentos conservadores apropriados em 8-12 semanas
• 40% apresentam acrômio em gancho (maior risco para patologias do manguito rotador)
• Eletrolipólise percutânea melhora funcionalidade em 85% dos casos em 6 semanas
Introdução + Estatística de Impacto
ESTATÍSTICA-CHAVE: A tendinite do supraespinhoso representa uma das principais causas de dor no ombro, afetando entre 6,8% e 22,4% da população acima de 40 anos. Esta condição, tecnicamente conhecida como tendinopatia do supraespinhoso, não é simplesmente uma “inflamação”, mas uma degeneração complexa do tendão que conecta o músculo supraespinhoso ao úmero.
O supraespinhoso é o menor dos quatro músculos do manguito rotador, mas desempenha papel crucial na estabilização e mobilidade do ombro. Localizado na fossa supraespinhosa da escápula, este músculo é responsável pela abdução inicial (primeiros 30 graus) e estabilização da cabeça do úmero durante movimentos overhead.
EVIDÊNCIA: Estudos epidemiológicos demonstram que lesões do manguito rotador representam dor em 30% a 70% de todos os pacientes com dor no ombro, sendo a tendinite do supraespinhoso a apresentação mais comum desta síndrome.
- Destaque: Dados Essenciais
- Introdução + Estatística de Impacto
- Fundamentos Científicos da Tendinopatia
- Evidências e Estudos Recentes (2015-2025)
- Como Funciona – Guia Prático de Diagnóstico
- Resultados Esperados – Timeline de Recuperação
- Indicações e Contraindicações
- Comparação com Outras Abordagens
- Desafios Atuais e Perspectivas Futuras
- Guia de Implementação Prática
- FAQs
- 1. O que é tendinite do supraespinhoso?
- 2. Como identificar os sintomas da tendinopatia do supraespinhoso?
- 3. Quanto tempo leva para curar tendinite do supraespinhoso?
- 4. Quais exercícios ajudam no tratamento da tendinopatia?
- 5. É possível curar tendinite do supraespinhoso sem cirurgia?
- 6. Tendinite do supraespinhoso tem cura definitiva?
- 7. Como escolher o melhor tratamento para tendinopatia?
- 8. Quando procurar ajuda médica para dor no ombro?
- Conclusão e Próximos Passos
- Referências Bibliográficas
Fundamentos Científicos da Tendinopatia
Anatomia e Biomecânica do Supraespinhoso

O músculo supraespinhoso origina-se na fossa supraespinhosa da escápula e insere-se na faceta superior do tubérculo maior do úmero. Seu tendão passa através do espaço subacromial, uma estreita passagem entre o acrômio e a cabeça umeral, onde pode sofrer compressão mecânica.
Funções Biomecânicas Principais:
- Iniciação da abdução (0-30 graus)
- Estabilização dinâmica da articulação glenoumeral
- Compressão da cabeça umeral na glenóide durante movimentos
- Assistência na rotação externa do braço
Fisiopatologia: Da Degeneração à Dor
A tendinopatia do supraespinhoso é causada por fatores intrínsecos e extrínsecos, com mudanças estruturais e biológicas caracterizando os estágios de cicatrização do tendão.
Estágios de Neer (Modelo Tradicional):
- Edema e hemorragia (estágio I)
- Fibrose e tendinite (estágio II)
- Ruptura tendínea (estágio III)
Modelo Contemporâneo de Tendinopatia:
- Mudanças na matriz extracelular com aumento do colágeno tipo III
- Neovascularização patológica com inervação nociceptiva
- Alterações celulares com proliferação de tenocitos atípicos
- Desorganização das fibras colágenas com perda da estrutura paralela
Evidências e Estudos Recentes (2015-2025)
Eficácia dos Tratamentos Comprovada
Terapia por Ondas de Choque vs Massagem Profunda: Estudos randomizados controlados demonstram que tanto a terapia por ondas de choque focalizadas quanto a massagem de fricção profunda melhoram significativamente a intensidade da dor e o limiar de dor por pressão nos músculos supraespinhoso e deltoide.
Eletrolipólise Percutânea (PE): Pesquisas de 2025 revelam que a eletrolipólise percutânea combinada com exercícios excêntricos resulta em melhoria significativa da dor e funcionalidade em pacientes com tendinopatia do Supraespinhoso.
O que é Eletrolipólise Percutânea? A eletrolipólise percutânea é uma técnica minimamente invasiva que utiliza corrente elétrica de baixa intensidade aplicada diretamente no tendão lesionado através de agulhas muito finas (0,3mm). O procedimento funciona como um “reset controlado” do tendão: a corrente elétrica promove uma necrose controlada do tecido degenerado e estimula simultaneamente a regeneração de tecido saudável.
Como funciona o processo:
- Aplicação direta: Agulha fina é inserida precisamente no local da lesão tendínea
- Corrente controlada: Estímulo elétrico de poucos segundos destrói tecido degenerado
- Regeneração estimulada: Processo inflamatório controlado ativa fibroblastos para produção de colágeno novo
- Neovascularização: Formação de novos vasos sanguíneos melhora nutrição do tendão
O tratamento típico envolve 4-6 sessões de 10-15 minutos com intervalos de 1-2 semanas, sendo frequentemente combinado com programa específico de exercícios excêntricos para otimizar os resultados.
Comparação de Eficácia dos Tratamentos
Exercícios Excêntricos:

- Redução da dor: 65-75%
- Melhoria funcional: 70-80%
- Tempo de resposta: 8-12 semanas
Eletrolipólise Percutânea:
- Redução da dor: 80-85%
- Melhoria funcional: 85-90%
- Tempo de resposta: 6-8 semanas
Ondas de Choque:
- Redução da dor: 60-70%
- Melhoria funcional: 65-75%
- Tempo de resposta: 6-10 semanas
Terapia Manual:
- Redução da dor: 55-65%
- Melhoria funcional: 60-70%
- Tempo de resposta: 10-12 semanas
Injeções Corticoides:
- Redução da dor: 70-80%
- Melhoria funcional: 40-50%
- Tempo de resposta: 2-4 semanas (temporário)
Como Funciona – Guia Prático de Diagnóstico
O que é tendinopatia do supraespinhoso? É uma condição degenerativa do tendão do músculo supraespinhoso caracterizada por dor, fraqueza e limitação funcional do ombro, resultante de sobrecarga mecânica e fatores intrínsecos.
Protocolo passo a passo para Identificação
1. Sinais e Sintomas Característicos
- Dor subdeltóidea progressiva agravada por abdução e elevação
- Dor noturna especialmente ao deitar sobre o ombro afetado
- Arco doloroso entre 60-120 graus de abdução( abertura lateral do braço)
- Fraqueza na iniciação da abdução do braço
- Sensação de queimação no ombro e irradiação para braço lateral
2. Testes Clínicos Específicos
- Teste de Jobe (Empty Can Test): sensibilidade 89%, especificidade 50%
- Teste de Hawkins-Kennedy: detecta impacto subacromial
- Teste de Neer: identifica síndrome do impacto
- Teste do Drop Arm: avalia integridade do supraespinhoso
3. Fatores de Risco Identificáveis
- Idade: prevalência aumenta progressivamente após 40 anos
- Atividades overhead: natação, tênis, voleibol, trabalhos acima da cabeça
- Anatomia do acrômio: configuração em gancho (40% prevalência) associa-se mais fortemente à patologia do manguito rotador
- Diabetes mellitus: estudos recentes demonstram que diabetes tipo 2 causa tendinopatia do supraespinhoso em modelos animais
Resultados Esperados – Timeline de Recuperação
Cronograma de Melhoria
Semanas 1-2: Fase Aguda
- Redução da dor noturna (30-40%)
- Melhoria do sono
- Diminuição da irritabilidade tecidual
Semanas 3-6: Fase de Reparação
- Aumento da amplitude de movimento (50-60%)
- Redução do arco doloroso
- Melhoria da função diária (40-50%)
Semanas 7-12: Fase de Remodelação
- Ganho de força significativo (60-70%)
- Retorno às atividades esportivas (casos leves-moderados)
- Estabilização dos ganhos funcionais
Meses 4-6: Consolidação
- Prevenção de recidivas (85% dos casos bem tratados)
- Melhoria da qualidade de vida (75-85%)
- Adaptação estrutural do tendão
DICA PRÁTICA: A espessura do tendão supraespinhoso tende a normalizar ao longo do tempo, independentemente da intervenção específica, enfatizando a importância da abordagem individualizada.
Indicações e Contraindicações
CHECKLIST – Indicações para Tratamento Conservador
Indicações Primárias:
- Dor no ombro há menos de 6 meses
- Ausência de ruptura completa do tendão
- Amplitude de movimento preservada (>90 graus abdução)
- Força muscular preservada parcialmente
- Resposta positiva a anti-inflamatórios
- Capacidade de participar de programa de reabilitação
Indicações Secundárias:
- Falha de tratamento medicamentoso isolado
- Limitação funcional progressiva
- Impacto na qualidade de vida
- Atividades profissionais/esportivas comprometidas
ATENÇÃO – Contraindicações e Sinais de Alerta
Contraindicações Absolutas:
- Ruptura completa do manguito rotador
- Instabilidade articular não tratada
- Infecção ativa no ombro
- Neoplasia óssea ou de partes moles
- Artrite séptica
Sinais de Alerta (Encaminhamento Urgente):
- Perda súbita de força (possível ruptura)
- Dor intensa noturna refratária a medicamentos
- Sintomas neurológicos (formigamento, dormência)
- Deformidade visível no contorno do ombro
- Febre associada à dor
Comparação com Outras Abordagens
Tratamento Conservador vs Cirúrgico
Tratamento Conservador:
- Taxa de sucesso: 67-85% (casos apropriados)
- Tempo de recuperação: 3-6 meses
- Custo: Baixo-moderado
- Riscos: Mínimos
- Retorno ao trabalho: 2-8 semanas
- Indicação principal: Tendinopatia sem ruptura
Tratamento Cirúrgico:
- Taxa de sucesso: 85-95% (rupturas completas)
- Tempo de recuperação: 6-12 meses
- Custo: Alto
- Riscos: Anestésicos, infecção, rigidez
- Retorno ao trabalho: 3-6 meses
- Indicação principal: Rupturas >3cm, falha conservadora
Modalidades Terapêuticas: Eficácia Comparativa
Abordagem Tradicional:
- Repouso + Anti-inflamatórios
- Taxa de sucesso: 40-50%
- Limitação: Não aborda causas biomecânicas
Abordagem Moderna Multimodal:
- Exercícios específicos + Terapia manual + Educação
- Taxa de sucesso: 75-85%
- Vantagem: Aborda fatores causais múltiplos
Tecnologias Avançadas:
- Eletrolipólise + PRP + Ondas de choque
- Taxa de sucesso: 85-90%
- Indicação: Casos refratários ao tratamento convencional
Desafios Atuais e Perspectivas Futuras
Principais Desafios Clínicos
Diagnóstico Diferencial Complexo: A associação entre lesões do supraespinhoso e tendão da cabeça longa do bíceps varia de 22% a 78,5%, complicando o diagnóstico específico e planejamento terapêutico.
Heterogeneidade da Resposta: Diferentes subgrupos de tendões sintomáticos comportam-se diferentemente, enfatizando a necessidade de considerar subtipos de tendinopatia para personalização do tratamento.
Adesão ao Tratamento: Apenas 60-70% dos pacientes completam protocolos de reabilitação de 12 semanas, impactando os resultados a longo prazo.
Inovações e Perspectivas 2025-2030
Medicina Personalizada:
- Biomarcadores genéticos para predição de resposta terapêutica
- Análise metabolômica para compreensão dos mecanismos fisiopatológicos
- IA para personalização de protocolos de exercícios
Tecnologias Emergentes:
- Terapia celular com células-tronco mesenquimais
- Scaffolds bioengenheirados para regeneração tendínea
- Ultrassom terapêutico focado de alta intensidade
Telemedicina e Monitoramento:
- Apps de reabilitação com feedback em tempo real
- Wearables para monitoramento da biomecânica do ombro
- Realidade virtual para treinamento proprioceptivo
Guia de Implementação Prática

Protocolo de Tratamento Baseado em Evidências
Fase 1: Controle da Dor e Inflamação (0-2 semanas)
EVIDÊNCIA: Controle inicial da dor é fundamental para permitir participação ativa na reabilitação
Intervenções:
- Modificação de atividades: evitar movimentos provocativos
- Crioterapia: 15-20 minutos, 3-4x/dia nas primeiras 48h
- AINES: conforme prescrição médica (5-7 dias máximo)
- Posicionamento: dormir com travesseiro de apoio
Fase 2: Restauração da Mobilidade (2-6 semanas)
Exercícios de Amplitude de Movimento:
- Pendulares de Codman: 2-3 minutos, 3x/dia
- Alongamento em adução horizontal: 30s, 3 repetições
- Rotação externa passiva: com bastão, 30s x 3
- Flexão ativa assistida: progressão gradual até 160°
Fase 3: Fortalecimento Progressivo (6-12 semanas)
Protocolo de Exercícios Excêntricos:
- Exercícios com elásticos: resistência progressiva
- Exercícios isométricos: múltiplas angulações
- Exercícios excêntricos específicos: ênfase na fase de descida
- Exercícios funcionais: simulação de atividades diárias
Sinais de Progressão Adequada
Semana 2: Redução da dor noturna >30% Semana 4: Aumento da ADM >20° em todas direções
Semana 8: Capacidade de elevar braço acima da cabeça Semana 12: Retorno às atividades funcionais sem dor
Monitoramento e Ajustes
Escalas de Avaliação Recomendadas:
- DASH (Disabilities of Arm, Shoulder and Hand): funcionalidade
- QuickDASH: versão reduzida para acompanhamento
- Constant-Murley Score: avaliação específica do ombro
- EVA (Escala Visual Analógica): intensidade da dor
Indicadores de Encaminhamento Especializado:
- Ausência de melhoria após 6 semanas de tratamento
- Piora dos sintomas durante tratamento apropriado
- Sinais neurológicos ou perda súbita de força
- Suspeita de ruptura completa do tendão
Disclaimer Médico: As informações apresentadas são baseadas em evidências científicas atuais e destinam-se exclusivamente para fins educacionais. Não substituem consulta, diagnóstico ou tratamento médico profissional. Sempre consulte um ortopedista ou fisioterapeuta qualificado antes de iniciar qualquer programa de tratamento para dor no ombro.
FAQs
1. O que é tendinite do supraespinhoso?
Tendinite do supraespinhoso é uma condição degenerativa que afeta o tendão do músculo supraespinhoso, causando dor, fraqueza e limitação dos movimentos do ombro.
A terminologia mais precisa é “tendinopatia do supraespinhoso”, pois estudos mostram que o processo não é simplesmente inflamatório, mas envolve degeneração progressiva das fibras do tendão. O supraespinhoso é um dos quatro músculos do manguito rotador, localizado na parte superior da escápula, responsável pela iniciação da elevação do braço e estabilização do ombro.
Esta condição desenvolve-se gradualmente devido à combinação de fatores mecânicos (sobrecarga, movimento repetitivo) e biológicos (envelhecimento, predisposição genética). É importante compreender que não se trata de uma “inflamação” simples, mas sim de um processo complexo de remodelação tecidual inadequada.
2. Como identificar os sintomas da tendinopatia do supraespinhoso?
Os principais sintomas incluem dor no ombro que piora com movimento de elevação do braço, dor noturna ao deitar sobre o lado afetado e fraqueza para levantar objetos acima da cabeça.
O padrão típico envolve dor subdeltóidea (região lateral do ombro) que se intensifica durante atividades overhead como pentear cabelo, guardar objetos em prateleiras altas ou praticar esportes com raquete. A dor característica ocorre no “arco doloroso” entre 60-120 graus de elevação do braço.
Sintomas adicionais incluem:
- Sensação de queimação que irradia para o braço
- Rigidez matinal no ombro
- Dificuldade para alcançar as costas
- Fraqueza progressiva para atividades funcionais
- Estalos ou crepitação durante movimentos
A dor noturna é particularmente característica, frequentemente acordando o paciente quando se deita sobre o ombro afetado, indicando irritação dos nociceptores no espaço subacromial.
3. Quanto tempo leva para curar tendinite do supraespinhoso?
O tempo de recuperação varia de 6 a 16 semanas com tratamento apropriado, sendo que 67-85% dos casos respondem bem ao tratamento conservador em 3-4 meses.
O cronograma típico de recuperação segue fases distintas:
Primeiras 2-4 semanas: Controle da dor e redução da irritabilidade tecidual. Pacientes relatam diminuição da dor noturna em 30-40% e melhoria do sono.
Semanas 4-8: Restauração gradual da amplitude de movimento e redução do arco doloroso. Nesta fase, observa-se melhoria funcional de 40-60% nas atividades diárias.
Semanas 8-16: Fase de fortalecimento e retorno funcional. Ganhos significativos de força (60-80%) e capacidade para retomar atividades esportivas em casos leves a moderados.
Fatores que influenciam o tempo de cura: idade do paciente, duração dos sintomas antes do tratamento, aderência ao programa de reabilitação, presença de fatores de risco (diabetes, tabagismo) e grau de degeneração do tendão.
4. Quais exercícios ajudam no tratamento da tendinopatia?
Exercícios excêntricos específicos para o supraespinhoso, exercícios de fortalecimento do manguito rotador e alongamentos para melhoria da flexibilidade são fundamentais para recuperação.
Protocolo baseado em evidências:
Fase Inicial (2-4 semanas):
- Exercícios pendulares de Codman para alívio da dor
- Alongamentos passivos para rotação externa e flexão
- Exercícios de amplitude de movimento assistida
Fase Intermediária (4-8 semanas):
- Exercícios isométricos em múltiplas posições
- Fortalecimento com elásticos em rotação externa
- Exercícios de estabilização escapular
Fase Avançada (8-16 semanas):
- Exercícios excêntricos progressivos (comprovadamente eficazes)
- Exercícios funcionais específicos para atividade
- Treinamento pliométrico para atletas
Estudos recentes demonstram que exercícios excêntricos combinados com técnicas como eletrolipólise percutânea resultam em melhoria significativa da funcionalidade. A chave é a progressão gradual respeitando a tolerância à dor e evitando exercícios que reproduzam o arco doloroso inicialmente.
5. É possível curar tendinite do supraespinhoso sem cirurgia?
Sim, estudos mostram que 75-85% dos casos de tendinopatia do supraespinhoso respondem eficazmente ao tratamento conservador quando apropriadamente conduzido.
O tratamento não-cirúrgico é considerado primeira linha para tendinopatias do supraespinhoso sem ruptura completa. As evidências científicas suportam múltiplas modalidades eficazes:
Modalidades com eficácia comprovada:
- Exercícios terapêuticos: taxa de sucesso 67-75%
- Terapia manual: melhoria em 65-70% dos casos
- Eletrolipólise percutânea: 85% de melhoria funcional
- Ondas de choque: eficácia de 60-70% em casos crônicos
Fatores preditivos de sucesso conservador:
- Duração dos sintomas menor que 6 meses
- Ausência de ruptura completa do tendão
- Boa participação no programa de reabilitação
- Idade inferior a 65 anos
- Modificação adequada das atividades causais
A cirurgia fica reservada para casos com ruptura completa do manguito rotador, falha do tratamento conservador após 3-6 meses ou incapacidade funcional severa. Estudos atuais enfatizam que muitas modalidades conservadoras, incluindo eletrolipólise percutânea, oferecem alternativas eficazes à cirurgia.
6. Tendinite do supraespinhoso tem cura definitiva?
Com tratamento adequado, 85-90% dos pacientes alcançam resolução completa dos sintomas e retorno às atividades normais, embora alguns casos possam apresentar recidivas.
A “cura” na tendinopatia do supraespinhoso deve ser compreendida como controle eficaz dos sintomas e restauração da função, pois alterações estruturais mínimas podem persistir mesmo após resolução clínica.
Prognóstico por categoria:
- Casos agudos (<3 meses): 90% de resolução completa
- Casos crônicos (>6 meses): 75-80% de melhoria significativa
- Tendinopatias recidivantes: 60-70% de controle a longo prazo
Fatores de bom prognóstico:
- Início precoce do tratamento
- Ausência de diabetes ou outras comorbidades
- Boa adesão ao programa de exercícios
- Modificação dos fatores causais (ergonomia, técnica esportiva)
Pesquisas indicam que a espessura do tendão supraespinhoso tende a normalizar ao longo do tempo, sugerindo capacidade de regeneração tecidual quando adequadamente estimulada. A prevenção de recidivas depende fundamentalmente da manutenção da força muscular e correção dos fatores biomecânicos predisponentes.
7. Como escolher o melhor tratamento para tendinopatia?
A escolha deve basear-se na avaliação de fatores como duração dos sintomas, grau de comprometimento funcional, idade do paciente e resposta a tratamentos prévios.
Algoritmo de decisão terapêutica:
Casos Agudos (0-6 semanas):
- Tratamento conservador com modificação de atividades
- Fisioterapia + exercícios específicos
- Anti-inflamatórios por período limitado
- Taxa de sucesso esperada: 85-90%
Casos Subagudos (6-12 semanas):
- Fisioterapia intensiva + terapia manual
- Considerar modalidades avançadas (ondas de choque)
- Avaliação biomecânica detalhada
- Taxa de sucesso esperada: 75-85%
Casos Crônicos (>3 meses):
- Abordagem multimodal intensiva
- Técnicas invasivas mínimas (eletrolipólise, PRP)
- Avaliação para possível ruptura tendínea
- Taxa de sucesso esperada: 60-75%
Critérios para modalidades específicas:
- Eletrolipólise percutânea: casos refratários sem ruptura
- Injeções de corticoides: dor severa, uso criterioso e limitado
- Cirurgia: rupturas completas, falha conservadora >6 meses
A personalização é fundamental, considerando ocupação, atividades esportivas, expectativas funcionais e preferências do paciente. A cooperação multidisciplinar entre ortopedista, fisioterapeuta e, quando necessário, outros especialistas otimiza os resultados.
8. Quando procurar ajuda médica para dor no ombro?
Procure ajuda médica imediatamente se houver perda súbita de força, dor intensa noturna que não melhora com medicamentos ou sintomas que persistem por mais de 2 semanas.
Sinais de urgência (procurar atendimento imediato):
- Perda súbita de força para elevar o braço
- Dor severa após trauma ou queda
- Deformidade visível no contorno do ombro
- Sintomas neurológicos (formigamento, dormência na mão)
- Febre associada à dor no ombro
Indicações para consulta programada (1-2 semanas):
- Dor que persiste por mais de 2 semanas
- Limitação progressiva dos movimentos
- Dor que interfere no sono regularmente
- Dificuldade crescente para atividades do trabalho
- Dor que não responde a medidas caseiras simples
Medidas iniciais apropriadas:
- Modificação de atividades provocativas
- Aplicação de gelo nas primeiras 48 horas
- Anti-inflamatórios de venda livre (com orientação farmacêutica)
- Repouso relativo (evitar imobilização completa)
Considerando que 30-50% da população experimenta dor no ombro anualmente, a avaliação profissional precoce é fundamental para prevenir cronificação e otimizar resultados terapêuticos. A regra geral é: dor no ombro que limita atividades diárias ou persiste por mais de 2 semanas merece avaliação médica especializada.
Conclusão e Próximos Passos
A tendinite do supraespinhoso representa uma condição complexa que afeta milhões de pessoas globalmente, mas com prognóstico excelente quando adequadamente diagnosticada e tratada. As evidências científicas atuais demonstram claramente que abordagens conservadoras multimodais alcançam taxas de sucesso superiores a 80% na maioria dos casos.
Pontos-chave para o paciente:
- Diagnóstico precoce é fundamental para otimizar resultados
- Tratamento conservador deve ser sempre a primeira opção
- Aderência ao programa de reabilitação determina o sucesso terapêutico
- Modificação de fatores de risco previne recidivas
Próximos Passos Recomendados
- Consulta Especializada: Procure um ortopedista ou fisioterapeuta para avaliação detalhada
- Avaliação Biomecânica: Identifique fatores causais específicos (postura, ergonomia, técnica esportiva)
- Programa Personalizado: Desenvolva protocolo de exercícios adaptado ao seu caso
- Monitoramento Regular: Acompanhamento profissional para ajustes terapêuticos
- Prevenção Ativa: Implementação de estratégias para evitar recidivas
Lembre-se: A tendinopatia do supraespinhoso não é uma sentença de limitação permanente. Com tratamento baseado em evidências, paciência e comprometimento, a grande maioria dos pacientes retorna completamente às suas atividades normais.
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