Tratamento da Epicondilite Lateral com Fisioterapia

Uma mulher com dor no cotovelo causada por uma Epicondilite Lateral

Destaques

  • Epicondilite lateral é tratável: A fisioterapia oferece resultados eficazes e duradouros, especialmente quando comparada a medicamentos que trazem apenas alívio temporário.
  • Exercícios excêntricos são fundamentais: Estudos mostram que o fortalecimento excêntrico é uma das intervenções mais eficazes para reduzir dor e melhorar funcionalidade.
  • Terapia manual acelera resultados: Técnicas como massagem de fricção e alongamentos específicos complementam o tratamento e podem acelerar a recuperação.
  • Recuperação leva tempo: A maioria dos pacientes apresenta melhora significativa em 6 semanas a 3 meses, mas casos crônicos podem necessitar de tratamento mais prolongado.
  • Prevenção de recaídas é possível: Com orientações adequadas sobre ergonomia e exercícios de manutenção, você pode evitar o retorno dos sintomas.

O Que Você Vai Aprender

Você já sentiu aquela dor insistente na parte lateral do cotovelo, especialmente ao segurar objetos ou fazer movimentos repetitivos com o punho? Se sim, você pode estar enfrentando epicondilite lateral, uma condição que afeta milhões de pessoas em todo o mundo.

Neste artigo, você vai descobrir:

  • O que realmente causa a dor lateral no cotovelo
  • Como identificar se você tem epicondilite lateral
  • Quais tratamentos de fisioterapia funcionam de verdade
  • Quanto tempo leva para se recuperar completamente
  • Como prevenir o retorno dos sintomas

Nosso objetivo é traduzir as evidências científicas mais recentes em informações práticas que você possa usar para tomar decisões informadas sobre seu tratamento.

Por Que Esse Tema É Importante

A epicondilite lateral não é apenas um incômodo passageiro. Estudos indicam que esta condição afeta entre 1% e 3% da população adulta, sendo mais comum em pessoas entre 35 e 54 anos. Embora tenha evolução favorável na maioria dos casos, apresenta recorrências frequentes — o que significa que os sintomas podem voltar mesmo após períodos sem dor.

O impacto vai além do desconforto físico. A dor lateral no cotovelo pode:

  • Dificultar tarefas simples do dia a dia, como segurar uma xícara de café ou abrir uma porta
  • Prejudicar o desempenho no trabalho, especialmente em atividades que exigem uso repetitivo dos braços
  • Afetar a qualidade do sono quando os sintomas se intensificam
  • Gerar custos com afastamentos e tratamentos prolongados

A boa notícia é que o tratamento adequado pode fazer toda a diferença. Pesquisas demonstram que a fisioterapia apresenta resultados superiores aos medicamentos no longo prazo, oferecendo não apenas alívio dos sintomas, mas também prevenção de recaídas.

O Que É Epicondilite Lateral?

Uma pessoa mostrando o local da ocorrência da Epicondilite Lateral.

Como ela se desenvolve:

Imagine seus tendões como cordas que conectam os músculos aos ossos. Com o uso excessivo ou repetitivo, essas “cordas” podem começar a desenvolver pequenas lesões microscópicas. Quando essas lesões se acumulam mais rápido do que o corpo consegue reparar, ocorre a degeneração do tecido tendinoso.

O principal músculo afetado é o extensor radial curto do carpo — aquele que ajuda você a estender o punho e a mão. Essa área fica localizada na parte lateral do cotovelo, onde você pode sentir uma pequena saliência óssea chamada epicôndilo lateral.

Quais São os Sintomas da Epicondilite Lateral?

Os sintomas da epicondilite lateral geralmente aparecem de forma gradual e podem incluir:

Dor característica:

  • Localizada na parte externa do cotovelo
  • Piora ao segurar objetos, apertar as mãos ou torcer movimentos
  • Pode irradiar para o antebraço e, em casos mais graves, até o ombro
  • Intensifica ao fazer força para estender o punho ou o terceiro dedo

Fraqueza muscular:

  • Dificuldade para segurar objetos com firmeza
  • Sensação de que objetos “escapam” das mãos
  • Força de preensão reduzida em comparação ao lado não afetado

Rigidez articular:

  • Dificuldade para movimentar o cotovelo pela manhã
  • Sensação de “travamento” ao estender completamente o braço

Sensibilidade ao toque:

  • Dor ao pressionar a região do epicôndilo lateral
  • Desconforto aumentado ao palpar os músculos extensores do antebraço

Como Saber Se Tenho Epicondilite Lateral?

Se você suspeita que tem epicondilite lateral, procure um fisioterapeuta ou médico especializado em ortopedia. O diagnóstico geralmente é clínico e envolve:

Avaliação física: O profissional de saúde irá realizar testes específicos, como:

  • Teste de Cozen: você faz força para estender o punho enquanto o examinador oferece resistência
  • Teste de Mill: alongamento passivo dos músculos extensores do punho
  • Teste de Maudsley: extensão do terceiro dedo contra resistência

Quando resultados positivos aparecem em dois ou mais desses testes, associados ao histórico de dor e atividades repetitivas, o diagnóstico de epicondilite lateral se torna mais provável.

Exames de imagem como ultrassonografia ou ressonância magnética podem ser solicitados para confirmar o diagnóstico e avaliar o grau de comprometimento do tendão, mas não são obrigatórios em todos os casos.

Quais as Causas da Epicondilite Lateral?

A epicondilite lateral resulta principalmente de:

Sobrecarga repetitiva:

  • Movimentos repetidos de extensão do punho
  • Atividades que exigem preensão constante
  • Uso prolongado de ferramentas manuais
  • Trabalhos que envolvem digitação intensa

Fatores de risco ocupacionais: Profissões com maior incidência incluem:

  • Pintores e encanadores
  • Carpinteiros e mecânicos
  • Usuários intensivos de computador
  • Cozinheiros e trabalhadores de linha de montagem

Fatores esportivos: Embora seja chamada de “cotovelo de tenista”, apenas uma pequena porcentagem dos casos ocorre em tenistas. Outros esportes de risco incluem:

  • Tênis e squash
  • Golfe
  • Levantamento de peso
  • Esportes de arremesso

Trauma direto: Em alguns casos, um golpe direto no epicôndilo lateral pode desencadear o processo degenerativo.

Idade e fatores biomecânicos: Pessoas entre 35 e 54 anos têm maior predisposição devido às mudanças naturais na qualidade do tecido tendinoso que ocorrem com o envelhecimento.

O Que Diz a Ciência sobre o Tratamento

Uma revisão sistemática publicada no Journal of Back and Musculoskeletal Rehabilitation em 2022 analisou 19 estudos científicos sobre tratamentos fisioterapêuticos para epicondilite lateral. Os pesquisadores avaliaram diferentes técnicas e seus resultados em pacientes com a condição.

Principais descobertas científicas:

Terapia manual e exercícios excêntricos: Os estudos demonstram que a combinação de terapia manual (como massagem de fricção profunda e alongamentos específicos) com exercícios de fortalecimento excêntrico produz os melhores resultados. Pacientes que receberam esse tipo de tratamento apresentaram melhora significativa na intensidade da dor e na funcionalidade do cotovelo.

O treinamento excêntrico funciona porque estimula a produção de colágeno no tendão, reduz a presença de vasos sanguíneos anormais (neovascularização) e ajuda a dessensibilizar as vias nervosas responsáveis pela transmissão da dor. Pense nisso como um processo de “reconstrução” do tendão danificado.

Ondas de choque extracorpóreas: Sete estudos analisaram o uso de ondas de choque. Os resultados mostraram que essa técnica pode proporcionar alívio mais rápido da dor em comparação com tratamentos convencionais, geralmente em apenas 3 a 4 sessões. As ondas de choque funcionam enviando pulsos de energia curtos para a área afetada, o que pode estimular processos de cicatrização e reduzir a dor.

Bandagens terapêuticas (Kinesio Taping): Três estudos investigaram o uso de bandagens elásticas terapêuticas. Os pesquisadores observaram que, quando combinadas com exercícios e orientações sobre modificação de atividades, as bandagens podem ajudar a reduzir a dor e melhorar a força de preensão no curto prazo. O mecanismo proposto inclui estímulo à circulação local e ativação de receptores sensoriais na pele.

Órteses (talas de cotovelo): Três estudos avaliaram diferentes tipos de órteses. Os resultados sugerem que o uso de talas pode proporcionar alívio imediato dos sintomas, mas é importante combiná-las com exercícios para evitar fraqueza muscular por desuso.

Comparação com outros tratamentos: Quando comparada com medicamentos anti-inflamatórios e corticosteroides, a fisioterapia demonstrou resultados superiores no longo prazo. Enquanto os medicamentos oferecem alívio temporário, a fisioterapia aborda as causas subjacentes do problema, promovendo recuperação mais duradoura.

Limitações dos estudos: É importante mencionar que alguns estudos tinham amostras pequenas de pacientes, e nem todos usaram os mesmos critérios para avaliar os resultados. Os pesquisadores recomendam que estudos futuros investiguem mais a combinação ideal de técnicas e comparem abordagens em casos agudos versus crônicos.

Como Tratar Epicondilite Lateral?

Com base nas evidências científicas, o tratamento fisioterapêutico mais eficaz para epicondilite lateral inclui:

Exercícios de fortalecimento excêntrico: Esses exercícios envolvem contrair o músculo enquanto ele se alonga. Por exemplo, você pode segurar um peso leve na mão, estender o punho e depois lentamente abaixá-lo de volta à posição inicial. Estudos mostram que esse tipo de exercício aumenta a resistência do tendão e reduz a dor.

A frequência recomendada geralmente é de 3 séries de 10-15 repetições, realizadas diariamente. É fundamental que os exercícios sejam feitos sem dor — um leve desconforto é aceitável, mas dor aguda indica que você deve reduzir a carga ou a amplitude do movimento.

Terapia manual: Técnicas manuais realizadas por fisioterapeutas podem incluir:

  • Massagem de fricção profunda na área do tendão para ajudar a reorganizar as fibras de colágeno
  • Alongamentos específicos dos músculos extensores do punho
  • Mobilizações articulares do cotovelo e punho

Técnicas complementares: Dependendo do seu caso específico, o fisioterapeuta pode incluir:

  • Ultrassom terapêutico para estimular processos de cicatrização
  • Aplicação de gelo após exercícios para controle de sintomas
  • Bandagens terapêuticas para suporte durante atividades
  • Ondas de choque extracorpóreas em casos mais resistentes

Modificação de atividades: Seu fisioterapeuta irá orientá-lo sobre como ajustar movimentos no trabalho e nas atividades diárias para reduzir o estresse no tendão afetado. Isso pode incluir mudanças ergonômicas, como ajuste da altura da cadeira e do computador, ou uso de ferramentas com cabos mais grossos.

Progressão gradual: O tratamento segue etapas que respeitam o processo de cicatrização do tendão:

  1. Fase inicial: controle da dor e proteção do tendão
  2. Fase intermediária: início de exercícios leves e alongamentos
  3. Fase avançada: progressão dos exercícios de fortalecimento
  4. Fase de retorno: preparação gradual para atividades prévias

Quanto Tempo Demora para Curar a Epicondilite Lateral?

Fisioterapeuta avaliando a Epicondilite Lateral

A duração do tratamento varia conforme alguns fatores importantes:

Casos agudos (menos de 3 meses): Quando o tratamento fisioterapêutico é iniciado precocemente, a maioria dos pacientes apresenta melhora significativa em 6 a 12 semanas. Os estudos indicam que a recuperação pode ser ainda mais rápida com técnicas como ondas de choque, que mostraram resultados positivos já nas primeiras 3 a 4 sessões.

Casos crônicos (mais de 6 meses): Em situações onde a dor persiste há mais tempo, o tratamento pode levar de 3 a 6 meses. Pesquisas mostram que mesmo casos crônicos respondem bem à fisioterapia, mas requerem maior paciência e adesão consistente ao programa de exercícios.

Fatores que influenciam o tempo de recuperação:

  • Gravidade inicial dos sintomas
  • Consistência na realização dos exercícios prescritos
  • Capacidade de modificar ou evitar atividades que agravam os sintomas
  • Presença de outras condições de saúde
  • Início precoce do tratamento adequado

É importante entender que mesmo após a melhora dos sintomas, o processo de fortalecimento e reorganização do tendão continua. Por isso, manter os exercícios de fortalecimento por alguns meses após a resolução da dor é fundamental para prevenir recaídas.

Epicondilite Lateral Tem Cura?

Sim, a epicondilite lateral tem cura. Estudos demonstram evolução favorável em aproximadamente dois anos na maioria dos casos. No entanto, é importante entender alguns pontos:

O que significa “cura”: A recuperação completa envolve não apenas o desaparecimento da dor, mas também:

  • Restauração da força de preensão normal
  • Retorno às atividades habituais sem limitações
  • Melhora da qualidade do tecido tendinoso (observável em exames de imagem)

Taxa de sucesso com fisioterapia: As pesquisas indicam que o tratamento fisioterapêutico adequado proporciona resultados positivos na grande maioria dos pacientes. Especificamente, a combinação de exercícios excêntricos com terapia manual demonstrou eficácia significativa na redução da dor e recuperação da função.

Recorrência e prevenção: Embora a condição seja tratável, estudos apontam que pode haver recorrências após períodos assintomáticos. Por isso, é fundamental:

  • Manter um programa de exercícios de manutenção mesmo após a melhora
  • Aplicar princípios ergonômicos nas atividades diárias
  • Evitar retornar bruscamente a atividades de alta demanda
  • Fazer pausas regulares durante tarefas repetitivas

Quando considerar outras opções: A grande maioria dos casos responde bem ao tratamento conservador. Entretanto, em situações raras onde os sintomas persistem após 6 a 12 meses de tratamento fisioterapêutico adequado, outras intervenções podem ser consideradas, sempre em discussão com seu médico e fisioterapeuta.

É Grave a Epicondilite Lateral?

A epicondilite lateral não é considerada uma condição grave no sentido de representar risco à vida ou causar danos permanentes irreversíveis. No entanto, seu impacto na qualidade de vida pode ser significativo.

Perspectiva clínica: Do ponto de vista médico, a epicondilite lateral é classificada como uma condição musculoesquelética benigna. Ela não causa:

  • Danos às estruturas nervosas
  • Deformidades permanentes do cotovelo
  • Comprometimento da circulação sanguínea
  • Risco de complicações sistêmicas

Impacto funcional: Embora não seja “grave” clinicamente, a condição pode ser bastante limitante:

  • Dificuldade para realizar tarefas profissionais
  • Restrições em atividades esportivas
  • Interferência nas atividades domésticas diárias
  • Impacto na qualidade do sono quando a dor se intensifica

Progressão sem tratamento: Se não tratada adequadamente, a epicondilite lateral pode:

  • Tornar-se crônica, com sintomas persistentes por anos
  • Levar a fraqueza muscular progressiva por desuso
  • Resultar em maior degeneração do tecido tendinoso
  • Aumentar o risco de recorrências futuras

O importante é entender que, com o tratamento adequado, a grande maioria dos pacientes se recupera completamente e retorna às suas atividades normais.

Posso Levantar Peso com Epicondilite Lateral?

Essa é uma dúvida muito comum, e a resposta é: depende do estágio do seu tratamento.

Fase aguda (primeiras 2-3 semanas): Durante o período inicial, quando a dor está mais intensa, recomenda-se evitar:

  • Levantamento de cargas moderadas a pesadas
  • Movimentos que reproduzam ou intensifiquem a dor
  • Atividades que exijam preensão forte prolongada

Isso não significa repouso absoluto. Você pode e deve manter atividades que não causem dor, pois o movimento moderado ajuda na recuperação.

Fase de reabilitação: À medida que a dor diminui, seu fisioterapeuta irá gradualmente reintroduzir exercícios com carga. Esse processo é fundamental para:

  • Fortalecer o tendão de forma progressiva
  • Preparar a área para cargas maiores
  • Restaurar a confiança no movimento

Os exercícios começam com cargas muito leves (ou apenas o peso do próprio braço) e avançam gradualmente conforme sua tolerância.

Retorno às atividades normais: Quando liberado pelo fisioterapeuta, você poderá voltar a levantar peso, mas seguindo algumas precauções:

  • Aumento gradual da carga ao longo de semanas
  • Atenção a sinais de recorrência (dor, fraqueza)
  • Aquecimento adequado antes de atividades intensas
  • Manutenção de exercícios de fortalecimento como prevenção

Sinais de alerta: Pare imediatamente e consulte seu fisioterapeuta se sentir:

  • Dor aguda durante ou após o exercício
  • Piora dos sintomas nas 24 horas seguintes
  • Fraqueza súbita ao segurar objetos

Qual a Diferença Entre Epicondilite Medial e Lateral?

Embora os nomes sejam parecidos, essas são condições distintas que afetam diferentes partes do cotovelo:

Epicondilite Lateral:

  • Afeta a parte externa do cotovelo
  • Envolve os músculos extensores do punho
  • Dor ao estender o punho e dedos
  • Mais comum (representa cerca de 80-95% dos casos de epicondilite)
  • Conhecida como “cotovelo de tenista”
  • Atividades de risco: digitação, uso de ferramentas, esportes de raquete

Epicondilite Medial:

  • Afeta a parte interna do cotovelo
  • Envolve os músculos flexores do punho
  • Dor ao flexionar o punho e dedos
  • Menos comum (representa cerca de 5-20% dos casos)
  • Conhecida como “cotovelo de golfista”
  • Atividades de risco: arremesso, golfe, levantamento de peso

Semelhanças: Ambas as condições:

  • São tendinopatias degenerativas
  • Causadas por sobrecarga repetitiva
  • Respondem bem ao tratamento fisioterapêutico
  • Podem coexistir no mesmo paciente
  • Apresentam sintomas semelhantes, apenas em locais diferentes

Tratamento: Os princípios de tratamento são semelhantes para ambas, envolvendo exercícios específicos para os músculos afetados, terapia manual e modificação de atividades. Seu fisioterapeuta irá adaptar o programa de exercícios conforme a localização específica da sua dor.

Quais São os Riscos e Cuidados

Embora a fisioterapia seja considerada muito segura, existem alguns cuidados importantes:

Durante os exercícios:

  • Respeite os limites da dor: Um leve desconforto é aceitável, mas dor aguda indica que você deve parar
  • Não force movimentos: A progressão deve ser gradual e supervisionada
  • Mantenha a técnica correta: Executar exercícios de forma inadequada pode piorar os sintomas

Sinais de que você deve procurar seu fisioterapeuta:

  • Aumento significativo da dor
  • Inchaço súbito no cotovelo ou antebraço
  • Formigamento ou dormência persistente na mão
  • Fraqueza progressiva que não melhora
  • Dor que interfere no sono

Riscos de não tratar adequadamente:

  • Cronificação dos sintomas
  • Fraqueza muscular permanente por desuso
  • Maior probabilidade de recorrências
  • Necessidade de intervenções mais invasivas no futuro

Cuidados com tratamentos não comprovados: Tenha cautela com:

  • Promessas de cura rápida ou milagrosa
  • Tratamentos muito caros sem evidência científica
  • Procedimentos invasivos como primeira opção
  • Receitas genéricas que não consideram sua situação específica

Quando a cirurgia pode ser necessária: Estudos indicam que a cirurgia pode ser considerada em casos muito específicos, geralmente quando:

  • Os sintomas persistem após 6-12 meses de tratamento conservador adequado
  • Há evidência de ruptura completa do tendão
  • Outras condições foram devidamente descartadas

Mesmo assim, a taxa de sucesso cirúrgico varia, e alguns pacientes podem necessitar de procedimentos adicionais. Por isso, esgotar as opções conservadoras é sempre o caminho mais prudente.

Alternativas e Dicas Práticas

Uma mulher colocando gelo na lateral do cotovelo para tratar a Epicondilite Lateral.

Além do tratamento fisioterapêutico formal, você pode adotar várias medidas para auxiliar na recuperação:

No ambiente de trabalho:

  • Ajuste a altura da sua cadeira e mesa para manter os cotovelos em ângulo de 90 graus
  • Use mouse pad com apoio para o punho
  • Faça pausas a cada 30-40 minutos para alongamentos leves
  • Considere ferramentas ergonômicas, como teclado e mouse específicos
  • Alterne tarefas que exigem uso intenso dos braços

Em casa:

  • Use utensílios com cabos mais grossos, que exigem menos força de preensão
  • Evite carregar sacolas pesadas com os dedos — use o antebraço ou distribua o peso
  • Ao abrir potes, use abridor ou peça ajuda em vez de forçar
  • Mantenha objetos de uso frequente em altura acessível

Durante atividades físicas:

  • Faça aquecimento adequado antes de esportes
  • Aprenda a técnica correta dos movimentos (especialmente no tênis, golfe)
  • Use equipamento adequado (raquete com empunhadura correta)
  • Não ignore sinais iniciais de desconforto

Autocuidado diário:

  • Aplicação de gelo após atividades mais intensas (15-20 minutos)
  • Alongamentos suaves pela manhã e à noite
  • Massagem leve na musculatura do antebraço
  • Manutenção dos exercícios prescritos mesmo após melhora

Modificações temporárias: Durante o período de tratamento, considere:

  • Usar a outra mão para tarefas quando possível
  • Reduzir temporariamente a intensidade de treinos
  • Evitar movimentos específicos que reproduzem a dor
  • Usar tala ou bandagem conforme orientação profissional

Suplementação e alimentação: Embora não existam evidências conclusivas, manter uma dieta balanceada rica em proteínas pode auxiliar na recuperação tecidual. Converse com seu médico sobre a necessidade de suplementação específica.

Perguntas Frequentes

Devo usar gelo ou calor na epicondilite lateral? O gelo é geralmente mais indicado, especialmente após atividades ou exercícios. Aplique por 15-20 minutos, com uma toalha entre o gelo e a pele. O calor pode ser usado antes de exercícios de alongamento, mas converse com seu fisioterapeuta sobre o melhor protocolo para seu caso.

Posso tomar anti-inflamatórios? Anti-inflamatórios podem oferecer alívio temporário dos sintomas, mas estudos mostram que não resolvem o problema de forma duradoura. Além disso, há evidências de que podem até interferir no processo de cicatrização do tendão. Use apenas sob orientação médica e por curtos períodos.

Preciso parar completamente com minhas atividades? Não é necessário repouso absoluto. O importante é modificar ou reduzir temporariamente atividades que reproduzem a dor. Movimentos que não causam desconforto podem e devem ser mantidos.

As injeções de corticoide funcionam? Pesquisas mostram que injeções de corticosteroide podem proporcionar alívio rápido da dor nas primeiras semanas, mas os resultados são inferiores à fisioterapia no longo prazo. Em avaliações de 6 meses ou mais, pacientes tratados com fisioterapia apresentam melhores resultados.

Existe tratamento em casa que funciona? Embora exercícios domiciliares sejam importantes, a orientação profissional inicial é fundamental. Sem a técnica correta e progressão adequada, você pode não obter resultados ou até piorar os sintomas.

A epicondilite lateral pode voltar depois de curada? Sim, há risco de recorrência, especialmente se você retornar às mesmas atividades sem modificações adequadas. A manutenção de exercícios de fortalecimento e cuidados ergonômicos reduz significativamente esse risco.

Quanto custa um tratamento fisioterapêutico? O custo varia conforme a região e o serviço (particular, convênio ou SUS). No entanto, estudos destacam que a fisioterapia apresenta excelente relação custo-benefício, especialmente quando comparada a tratamentos mais invasivos ou custos com afastamentos prolongados do trabalho.

Conclusão: Entenda, Pergunte e Decida com Segurança

A epicondilite lateral é uma condição tratável que responde muito bem ao tratamento fisioterapêutico adequado. As evidências científicas são claras: exercícios de fortalecimento excêntrico combinados com terapia manual representam o tratamento mais eficaz, com excelente relação custo-benefício.

Principais pontos para você lembrar:

  • A dor lateral no cotovelo não é algo com que você precise conviver permanentemente
  • O tratamento fisioterapêutico demonstra resultados superiores aos medicamentos no longo prazo
  • A recuperação requer paciência e adesão consistente ao programa de exercícios
  • Modificações nas atividades diárias são fundamentais para prevenir recorrências
  • Casos crônicos também respondem bem ao tratamento, embora possam necessitar de mais tempo

Seu próximo passo:

Se você está enfrentando dor lateral no cotovelo que persiste há mais de algumas semanas, procure um fisioterapeuta especializado em ortopedia. O profissional irá:

  • Avaliar sua condição específica
  • Criar um programa de tratamento personalizado
  • Orientar sobre modificações necessárias nas atividades
  • Acompanhar sua evolução e ajustar o tratamento conforme necessário

Lembre-se: cada caso é único. O que funcionou para outra pessoa pode não ser exatamente o que você precisa. Por isso, uma avaliação individualizada e acompanhamento profissional são essenciais para sua recuperação completa e duradoura.

Não espere a dor se tornar crônica. Quanto mais cedo você iniciar o tratamento adequado, mais rápida e eficaz será sua recuperação.

Referências Bibliográficas

Landesa-Piñeiro, L., & Leirós-Rodríguez, R. (2022). Physiotherapy treatment of lateral epicondylitis: A systematic review. Journal of Back and Musculoskeletal Rehabilitation, 35(3), 463-477. https://doi.org/10.3233/BMR-210053


Este artigo tem caráter educativo e não substitui consulta com profissionais de saúde qualificados. Para diagnóstico e tratamento adequados, procure um fisioterapeuta ou médico especializado.

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