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Destaque
Cada paciente é único: a escoliose é uma condição multifatorial (idiopática, genética, hormonal, neuromuscular), e cada pessoa reage de forma diferente ao tratamento. Resultados não são comparáveis entre pacientes.
Antes e depois não contam toda a história: imagens podem criar expectativas irreais, já que o progresso varia amplamente.
Uso clínico VS exposição pública: fotos de evolução são ferramentas importantes no prontuário, mas devem permanecer privadas para garantir a confidencialidade do paciente.
Radiografia não define a pessoa: o exame mostra apenas a estrutura da coluna, mas o paciente é mais do que a curva — tem identidade, sonhos, habilidades e individualidade.
Respeito e privacidade em primeiro lugar: expor imagens de pacientes em redes sociais pode transformá-los em “troféus”. A decisão de compartilhar deve ser sempre pessoal e não do profissional.
Resultados vão além de imagens: progresso real aparece no bem-estar, nas habilidades desenvolvidas e no acompanhamento clínico, e não apenas em provas visuais.
Tratamento como jornada: cuidar da escoliose é um processo contínuo, baseado em confiança, acolhimento e respeito à dignidade do paciente.
Os pais de Lucas, um adolescente que recentemente começou o tratamento de escoliose, chegaram à clínica para uma conversa.
Após os cumprimentos iniciais, a mãe de Lucas, visivelmente preocupada, levantou uma questão que já vinha intrigando os dois há algum tempo.
Mãe de Lucas: “A gente tem visto nas redes sociais de outros fisioterapeutas várias fotos de antes e depois dos pacientes.
Ficamos até animados com a ideia, pois há resultados impressionantes na internet, mas percebi que você não posta esse tipo de foto.
Gostaríamos de entender o porquê. Existe algum motivo específico?”
Respiro fundo, entendendo a preocupação dos pais, e peço para se sentarem, pois, a explicação será séria.

Entendendo a Escoliose: Cada Paciente é Único
“Claro, eu entendo a curiosidade de vocês, e fico feliz que tenham trazido essa questão.
Essa é uma pergunta comum, e é importante falar sobre isso, porque realmente faz toda a diferença na forma como eu trabalho com os pacientes com escoliose. Então, vamos por partes…”
Os pais assentiram, atentos e curiosos.
“Primeiro, vamos entender um pouco mais sobre a escoliose em si.
Escoliose é uma condição em que a coluna tem uma curvatura anormal, formando uma espécie de ‘S’ ou ‘C’ quando vista de trás.
Essa condição pode ter várias causas, algumas genéticas, outras relacionadas a fatores do crescimento, hormonais e até questões neuromusculares.
No caso de Lucas, por exemplo, a escoliose não surgiu por um único motivo e é impossível determinar a verdadeira causa de sua escoliose, por isso ela é chamada de idiopática.
É uma condição de multicausalidade, ou seja, há uma combinação de fatores que influenciam no desenvolvimento da escoliose.
Por isso, o tratamento também precisa ser adaptado e focado em atender as necessidades específicas dele.”
Pai de Lucas: “Entendi. Então, a forma como a escoliose se apresenta em cada pessoa é única?”
“Exatamente. Por isso, os resultados de um paciente não refletem o mesmo resultado para outro.
Mesmo que possuam a mesma idade, a coluna vertebral com as mesmas características, curvas, ângulo de Cobb etc.
Cada paciente desenvolve a condição e reage ao tratamento de maneira completamente diferente.
Então, mostrar um ‘antes e depois’ nas redes sociais pode acabar criando uma expectativa irreal, como se o que funcionou para um paciente fosse funcionar para todos da mesma forma.
E não é bem assim.”
A mãe de Lucas pareceu refletir por um momento, e se você quiser saber mais sobre a escoliose, clique aqui!
Fotos para Controle Clínico: Um Registro Privado
Mãe de Lucas: “É verdade, faz sentido. Às vezes, é fácil comparar e pensar que todos terão o mesmo progresso, mas cada pessoa é diferente.
Mas a foto de antes e depois também não ajuda no controle do caso clínico?”
“Sim, sem dúvida! As fotos de antes e depois são uma ótima ferramenta para a gente aqui na clínica, porque nos ajudam a acompanhar as mudanças e evoluções de cada paciente ao longo do tempo.
Porém, essas fotos fazem parte do prontuário, ou seja, da documentação particular do tratamento do paciente.
Elas não são destinadas ao público, mas sim ao controle clínico, de forma privada.”
Radiografia da Escoliose: A Coluna Não Define o Paciente”
Pai de Lucas: “Entendi. E quanto às radiografias? Elas mostram a gravidade da curvatura da coluna, não é?”

“Sim, a radiografia é um recurso fundamental para entendermos as características das curvas da coluna, a gravidade e o tipo da escoliose.
Mas também é importante lembrar que a radiografia só mostra a estrutura da coluna, ou seja, ela não reflete o paciente como um todo.
O Lucas, por exemplo, é muito mais do que aquela imagem da coluna.
Ele é um adolescente cheio de sonhos, com uma personalidade própria, gostos e preferências, e com habilidades incríveis em determinadas atividades.
A gente trabalha com o paciente, não só com a radiografia. É importante não resumir a condição dele apenas ao que aparece em um exame.”
A mãe de Lucas sorriu, compreendendo o que eu quis dizer.
Mãe de Lucas: “Nunca tínhamos pensado nisso assim, mas faz sentido.
E quanto à questão de expor os pacientes na internet realmente, não me parece correto.
Eu não gostaria de ver meu filho por aí, exibido como um troféu dessas clínicas.
Respeito e Privacidade
“Esse é um ponto muito importante para mim.
Como profissional, hoje tenho um compromisso com a privacidade e o respeito dos pacientes.
No passado, já postei fotos de antes e depois de alguns pacientes que me autorizaram, afinal é muito recompensador mostrar o resultado do trabalho com o paciente com escoliose, principalmente se o resultado é espetacular. mas vocês já viram as fotos de antes e depois dos casos que fracassaram no tratamento conservador?
Nem precisam me responder…
Mas hoje minha mentalidade é diferente. Eu acredito que cada pessoa merece ter a escolha de expor ou não sua imagem, especialmente em uma situação de saúde.
Tratamos aqui de questões que podem ser sensíveis para alguns, e penso que, ao não compartilhar essas imagens publicamente, estou respeitando a privacidade e protegendo a imagem dos pacientes.
Quero que eles se sintam seguros e acolhidos durante todo o processo de tratamento, não em um mostruário na internet”. Se o paciente quer compartilhar suas fotos, a decisão e ação é dele.
Provas visuais surgem aos poucos
Os pais de Lucas trocaram olhares, demonstrando compreensão e um certo alívio.
Pai de Lucas: “Faz muito sentido. Acho que quando a gente está buscando um tratamento, às vezes quer ver provas visuais de que vai dar certo, mas pelo que você falou, isso é algo muito mais profundo, não é?”
“Isso mesmo. Os resultados são visíveis no dia a dia, no bem-estar e nas habilidades que o Lucas vai desenvolvendo.
Em determinados períodos outras radiografias serão tiradas e poderemos observar se o Lucas está ou não respondendo ao tratamento.
Cada pequeno avanço é uma conquista, e o tratamento não se resume a uma foto de antes e depois.
É uma jornada de cuidado, respeito e dedicação que as vezes dura a vida toda.
Estou aqui para guiar o Lucas nesse caminho, e isso vai muito além do que qualquer imagem poderia mostrar.”
Mãe de Lucas: “Muito obrigada pela sua explicação. Ficamos mais tranquilos e confiantes com sua abordagem.
Sabemos que ele está em boas mãos.”
“Agradeço muito pela confiança de vocês! Vamos continuar trabalhando para que o Lucas se sinta cada vez mais confortável e confiante em seu próprio corpo.
Se tiverem outras dúvidas ao longo do processo, saibam que estou sempre à disposição para conversar e esclarecer o que for necessário.”
Os pais de Lucas agradeceram novamente, e a conversa terminou com um sentimento de alívio e satisfação, entendendo que o caminho escolhido respeitava não apenas a condição de Lucas, mas também seu desenvolvimento e bem-estar emocional.
1. Por que os resultados de escoliose variam tanto entre os pacientes?
Porque a escoliose é uma condição multifatorial (genética, hormonal, neuromuscular, idiopática). Cada paciente reage de forma diferente ao tratamento, mesmo que tenha idade ou ângulo de curvatura semelhantes.
2. Fotos de antes e depois são realmente úteis no tratamento da escoliose?
Sim, mas apenas para controle clínico interno. Elas ajudam a monitorar a evolução do paciente, mas não devem ser usadas como propaganda, já que podem criar expectativas irreais.
3. Por que alguns profissionais não publicam fotos de antes e depois?
Por respeito à privacidade dos pacientes e para evitar que a saúde seja tratada como “mostruário”. A exposição pública deve ser sempre uma decisão pessoal do paciente, nunca do profissional.
4. A radiografia é suficiente para avaliar a escoliose?
A radiografia mostra a estrutura da coluna e a gravidade da curva, mas não representa o paciente como um todo. O tratamento deve considerar também aspectos emocionais, funcionais e individuais.
5. Como acompanhar os resultados do tratamento sem fotos públicas?
A evolução é acompanhada por relatórios clínicos, radiografias periódicas e, principalmente, pela melhora no bem-estar, postura, mobilidade e habilidades do paciente.
6. Qual é o maior valor no tratamento da escoliose além da parte clínica?
O respeito à privacidade, a criação de um ambiente de confiança e o cuidado com a dignidade do paciente, que deve se sentir seguro e acolhido durante toda a jornada.
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